Cortes no gás da Nigéria podem penalizar Galp em pelo menos 40 milhões de euros
A Galp estima que cada navio de gás da Nigéria que não chegue a Sines representará um custo adicional com a aquisição de energia no mercado de 40 a 50 milhões de euros
A Galp estima que cada navio de gás da Nigéria que não chegue a Sines representará um custo adicional com a aquisição de energia no mercado de 40 a 50 milhões de euros
O aviso de corte na produção e fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) feito pela Nigeria LNG, principal fornecedor de gás da Galp, pode ter um impacto negativo de pelo menos 40 milhões de euros nas contas da empresa portuguesa no quarto trimestre, de acordo com a apresentação de resultados do terceiro trimestre feita esta segunda-feira pelo grupo.
Na apresentação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que será explorada em detalhe pela administração da Galp numa conferência com analistas esta segunda-feira, a petrolífera fez algumas projeções para os resultados do conjunto do ano 2022, onde assume um impacto negativo do aviso de “força maior” da Nigéria.
A Galp estima em 40 a 50 milhões de euros o impacto de cada navio de GNL da Nigéria que não seja entregue em Sines, considerando a necessidade que a Galp tem de ir comprar o volume respetivo no mercado. Para essa estimativa a Galp considera um custo de referência no mercado ibérico de gás (Mibgás) de 70 euros por megawatt hora (MWh).
A empresa não avança para já nenhuma informação concreta sobre quantas cargas de gás da Nigéria estão comprometidas com os problemas reportados pela Nigeria LNG, devido às cheias no país.
Recorde-se que o Governo desvalorizou o anúncio feito pela Nigeria LNG e pela Galp, tendo indicado que pelo menos em outubro não havia nenhum desvio face às entregas previstas no terminal de Sines.
As entregas de gás da Nigeria LNG são relevantes para Portugal porque estão ao abrigo de contratos de longo prazo (também conhecidos como contratos take or pay) com preços mais vantajosos do que os praticados no mercado diário. Além disso, são os volumes desses contratos com a Nigéria que cobrem o consumo de gás das tarifas reguladas, que voltaram a estar acessíveis aos consumidores domésticos, numa decisão do Governo para permitir às famílias escapar aos fortes aumentos de preços praticados desde o início deste mês no mercado liberalizado.
Apesar de admitir o referido impacto do não fornecimento de gás da Nigéria, a Galp não incorpora essa projeção nas previsões para o ano 2022, situando o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da área industrial (que inclui a gestão de energia, como os contratos de gás) em cerca de 500 milhões de euros.
Globalmente, a Galp reviu em baixa a estimativa de EBITDA do grupo para este ano. A petrolífera previa um resultado de 4 mil milhões de euros, mas aponta agora para 3,8 mil milhões de euros.
A empresa fechou os primeiros nove meses do ano com um lucro ajustado de 608 milhões de euros, mais 86% do que no mesmo período do ano passado.
Os resultados foram apresentados ainda antes da abertura da bolsa, e no arranque as ações da Galp apresentaram uma queda acentuada. Pelas 11h os títulos da petrolífera continuavam a perder mais de 5% face à cotação de fecho da sessão de sexta-feira.
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