De janeiro a setembro de 2022 o mercado imobiliário na zona da Grande Lisboa somou uma ocupação acumulada de 248.000 metros quadrados (m2) de escritórios, número que praticamente triplica o nível de atividade do período homólogo do ano passado e excede em 53% o volume de ocupação registado na totalidade do ano de 2021 (162.000 m2), conclui a consultora JLL, no seu relatório ‘Office Flashpoint’ publicado esta sexta-feira.
No início da semana, a Cushman & Wakefield (C&W) também já tinha dado conta, no seu relatório de outono, de que estaríamos perante um resultado histórico, neste segmento de atividade. E explicava que “a primeira metade de 2022 foi caracterizada por um aumento notório da atividade, para o qual terá contribuído uma maior pressão para a concretização de processos de tomada de decisão que vinham a ser adiados desde o início da pandemia”.
O crescimento foi também expressivo (+76% em termos homólogos) no que toca ao número de operações concretizadas: 162, das quais 47 envolvendo a tomada de espaços superiores a 1.000 m2, contribuindo para o apuramento de uma área média por operação de 1.530 m2, segundo dados apurados pela JLL. Esta consultora indica ainda que, no acumulado do ano, a procura foi liderada pelas empresas de “serviços financeiros” (36% do toral dos espaços ocupados) e mostrou-se mais dinâmica no Parque das Nações, na zona oriental de Lisboa (28% da ocupação).
Setembro foi o segundo melhor mês do ano, logo atrás de abril, com 21 operações concluídas que somaram 40.600 m2, duplicando o nível de atividade face a agosto. A zona histórica e ribeirinha da capital foi a mais ativa naquele mês, acolhendo 45% das áreas ocupadas
Atingir a marca dos 300 mil metros quadrados
Sofia Tavares, diretora para a área de escritórios da JLL, explica que “setembro acabou por ser um mês ainda mais dinâmico do que o antecipado, fazendo com que a três meses do final do ano já tenham sido ultrapassadas as projeções com que tínhamos iniciado 2022. Este já é o melhor ano de sempre no mercado de escritórios lisboeta e, tendo em conta que ainda temos um trimestre pela frente, a manter-se o ritmo que temos observado até aqui, podemos vir a aproximar-nos dos 300.000 m2 este ano, o que seria um feito inédito”.
Eric van Leuven, diretor geral da consultora Cushman & Wakefield em Portugal, sublinha que, “até ao momento, o mercado imobiliário nacional tem um dos seus anos de maior atividade e dinamismo”, em que a ocupação de escritórios já ultrapassou o recorde anterior [de 2018 – com pouco mais de 200 mil m2]. “Vivemos, no entanto, um momento peculiar pois, por outro lado, aproxima-se cada vez mais o espetro da recessão devido à guerra na Ucrânia, e aos altos níveis de inflação e taxas de juros, o que, no caso do investimento institucional, poderá resultar em menores níveis de atividade e alguma diminuição de valores dos imóveis”, resume Eric Van Leuven.
Na cidade do Porto, embora menos acentuado, a nota também foi de crescimento no terceiro trimestre do ano, que encerrou com uma ocupação anual acumulada de 45.500 m2, mais 34% que a atividade registada nos nove primeiros meses de 2021, conclui a JLL. E refere ainda que “das 51 operações concretizadas neste período, 14 disseram respeito a áreas iguais ou superiores a 1.000 m2” e destaca a instalação da Kantar no edifício Revor (4.060 m2), da Natixis no Porto Business Plaza (3.200 m2) e da Hitachi na Metropolis (1.430 m2).
Do lado da procura, Matosinhos foi, segundo a JLL, o eixo mais dinâmico em setembro, concentrando 46% da área transacionada.
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