Economia

Mundial2022: Qatar é um mercado "que ainda se pode aprofundar", diz presidente da AICEP

Luís Castro Henriques, presidente da AICEP
Luís Castro Henriques, presidente da AICEP
PEDRO NUNES

Apesar de Portugal já ter no Qatar “uma base exportadora que até é bastante diversificada”, este “um mercado que ainda se pode aprofundar”, segundo o presidente da AICEP

O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) afirma, em declarações à Lusa, que o Qatar é um mercado "que ainda se pode aprofundar" e onde Portugal tem algumas empresas de base exportadora.

O Mundial de futebol 2022 arranca exatamente dentro de um mês no Qatar, sendo a primeira vez, em 22 edições, que a competição se realiza num país árabe.

Questionado sobre as relações comerciais entre os dois países, Luís Castro Henriques afirma que "são boas, mas ainda com muito potencial".

Entre janeiro e agosto deste ano, as exportações de bens portugueses para Doha atingiram 58,9 milhões de euros, uma subida homóloga de cerca de 166%, e as importações totalizaram 64,8 milhões de euros, um crescimento de 34%.

"Em particular, este ano tem sido espetacular em termos de exportação de bens, este é um mercado onde nós já temos algumas empresas, temos uma base exportadora que até é bastante diversificada, vai dos serviços aos bens", mas "é de facto um mercado que ainda se pode aprofundar", sublinha o presidente da AICEP.

O Qatar é "um dos mercados para diversificação no Médio Oriente" e, neste caso, "identificamos boas oportunidades a nível dos produtos farmacêuticos, a nível dos produtos agroalimentares, de alguns produtos e materiais de construção e muito também nos serviços", prossegue.

E agora com o Mundial2022 "de certeza que há serviços prestados também por empresas portuguesas", refere.

Por isso, "no contínuo desenvolvimento que eles têm em infraestrutura e novos projetos poderão surgir boas oportunidades e que nós consideramos como sendo um mercado de diversificação a considerar naquela região", aponta.

Ou seja, as empresas portuguesas ali "terão de ponderar entre ir ao Golfo todo ou aos Emirados, Arábia Saudita ou Qatar ou Koweit".

O facto de o capitão da seleção Cristiano Ronaldo participar no Mundial2022 é também um fator de notoriedade para Portugal.

"O Cristiano Ronaldo, não tenhamos a mínima dúvida, é a presença portuguesa com maior notoriedade no mundo nos dias de hoje e, portanto, como é óbvio, a presença" do jogador português "aumenta sempre a notoriedade de Portugal", sublinha Luís Castro Henriques.

Até porque Cristiano Ronaldo representa tudo aquilo que o atleta é: de esforço, trabalho, consistência", entre outros.

Nesse sentido, diz, "é sempre uma boa imagem para o país e, portanto, aí sim, é um pico de notoriedade".

Mas "o fundamental é a sustentabilidade destes negócios e oportunidades sustentáveis para as nossas exportadoras. É, sobretudo, isso que elas têm de estar a identificar no mercado do Qatar", salienta, referindo que há setores onde as empresas portuguesas estão "particularmente bem posicionadas" para poderem servir no Qatar.

"Já fizemos várias missões ao Qatar e já houve várias visitas institucionais e políticas relevantes ao Qatar e sistematicamente isso gera algum interesse", salienta, destacando alguns dos investimentos qataris em Portugal.

Sobre o investimento na área do turismo [hotel W no Algarve], "achamos que de facto é um investimento emblemático e nós próprios temos veiculado muito disso no Qatar para tentar incentivar outros investidores também a olhar para Portugal", remata.

Entre outros investimentos está o da Autoridade de Investimento do Qatar (QIA - Qatar Investment Authority, em inglês) na EDP, de mais de 2%, participação comprada em 2011, e, recentemente, a afiliada do fundo soberano Qatar Sports Investments (QSI) na assinatura de um acordo de compra de ações com a Olivedesportos referente à aquisição pela entidade de 21,67% do capital social do Sporting Clube de Braga (SC Braga), um dos principais clubes de futebol em Portugal.

Por exemplo, o grupo francês Vinci, que controla a ANA, é participado pelo fundo soberano qatari.

Heathrow, que é um dos aeroportos mais movimentados do mundo, conta com o fundo soberano QIA como o seu segundo maior investidor, com 20%.

A fase final do Mundial2022 vai ser disputada dentro de exatamente um mês, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, dia nacional do Qatar, por 32 equipas.

Portugal integra o Grupo H da competição, com Uruguai, Coreia do Sul e Gana.

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