Pedro Nuno Santos avançou esta quarta-feira no Parlamento que seguiu para o Ministério Público uma auditoria, feita a pedido da TAP, onde há suspeitas face à compra de aviões à Airbus pelo antigo acionista privado norte-americano, David Neeleman.
"A administração [da TAP], a determinada altura, suspeitou que nós estaríamos a pagar pelos aviões mais do que os concorrentes pagavam. A administração pediu a auditoria, essa auditoria foi concluída, entregue ao Governo e nós, perante dúvidas perante as conclusões daquela auditoria, encaminhámos a auditoria para o Ministério Público", adiantou o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, em audição na Assembleia da República, por requerimento do PCP e do Chega, sobre a privatização da TAP.
Pedro Nuno Santos trouxe de novo para o debate a forma como em 2015 o Governo de coligação PSD/CDS privatizou a TAP. "O PSD quando foi Governo vendeu a TAP por dez milhões, responsabilizando-se por dívidas passadas e futuras junto dos bancos financiadores", salientou. Bancos que, avançou, receberam cartas de conforto em que o Estado se comprometia a recomprar a TAP, se a transportadora entrasse em incumprimento.
“Em vez de vender a um acionista que capitalizasse a empresa, vendeu a um acionista que a endividou”, atirou. O acionista norte-americano adquiriu então 61% da TAP, em parceria com Humberto Pedrosa.
Foi a administração privada liderada por David Neeleman que renovou a frota de aviões da TAP, com a aquisição de aviões à construtora europeia Airbus. O acionista privado da TAP, cuja participação o Estado comprou em 2020, renegociou o contrato que a TAP tinha com a Airbus para a compra de 12 aviões A350, decidindo alterar a encomenda e comprar antes 50 aeronaves A320 neo e A330 neo - hoje grande parte da frota da TAP. Um negócio que o semanário Sol noticiou e que terá rendido a David Neeleman 70 milhões de euros, pagos pela Airbus, resultantes desta operação.
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