O balanço é confiante: “Portugal está bem posicionado para enfrentar o inverno”, aponta a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) no seu primeiro relatório sobre a redução da procura de gás em Portugal, no quadro da partilha de informação com a Comissão Europeia sobre o que cada país está a fazer para diminuir o consumo daquele combustível.
“Dada a redução do consumo de gás já registada e os níveis de armazenamento no Carriço [armazenamento subterrâneo em Pombal] e no terminal de gás natural liquefeito de Sines, Portugal está bem posicionado para enfrentar o inverno”, descreve a DGEG.
A entidade liderada por João Bernardo, e que é tutelada pelo secretário de Estado da Energia, João Galamba, admite que “o atual contexto de mercado internacional não permite excluir a hipótese de o sistema nacional de gás e, consequentemente, o sistema elétrico sejam afetados em resultado dos elevados preços do gás natural liquefeito (GNL) no mercado global e/ou de possíveis falhas na entrega de GNL por navio”.
No entanto, nota a DGEG, “as medidas que já foram adotadas e as que já estão ou serão adotadas, permitem-nos encarar o próximo período de inverno com confiança”.
Os dados compilados pela DGEG mostram que nos primeiros dois meses de monitorização, agosto e setembro, Portugal registou um consumo de gás natural de 0,94 BCM (mil milhões de metros cúbicos). É um registo que fica 13,5% abaixo dos 1,09 BCM de consumo médio nesse mesmo período nos últimos cinco anos.
O consumo específico de gás nas centrais de ciclo combinado em agosto e setembro apenas decresceu 3,6% face à média dos cinco anos anteriores, mas o consumo em outros usos caiu 21,7% face à média daqueles anos.
Em termos de armazenamento, a DGEG deu conta à Comissão Europeia de que no início de outubro o terminal da REN no Carriço estava totalmente preenchido com gás, mas o terminal de GNL da REN em Sines estava a 56% da capacidade.
Entretanto, o Governo português já publicou em “Diário da República” o decreto-lei que prevê a criação de uma reserva estratégica de gás natural, além de obrigações acrescidas de partilha de informação por parte da Galp sobre a execução dos seus contratos de longo prazo com a Nigéria, cujas entregas em Sines são cruciais para garantir o funcionamento do sistema de gás, já que a capacidade de armazenamento em Sines e no Carriço apenas cobre aproximadamente um mês do consumo nacional de gás.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes