Economia

Patrões do turismo e restauração antecipam crise e despedimentos

Ana Jacinto é a secretária-geral da AHRESP. Foto: Nuno Martinho
Ana Jacinto é a secretária-geral da AHRESP. Foto: Nuno Martinho

Com o setor do turismo e da restauração ainda a recuperar da pandemia, a secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal antecipa possíveis despedimentos e encerramentos

Em entrevista ao “Diário de Notícias”, Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP (Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal), antecipa possíveis despedimentos e encerramentos no setor numa altura em que o turismo entra agora na época baixa.

Questionada quanto ao crescimento estimado pelo Governo para o próximo ano, e como chegará ao turismo, Ana Jacinto mostra-se receosa. “Outubro inicia mais um período de época baixa, com menor circulação de turistas e redução do consumo. Tradicionalmente é assim e neste momento tememos que possa atingir uma dimensão mais gravosa”, disse.

“O último trimestre de 2022 é um desafio gigantesco para a sustentabilidade dos negócios e manutenção de postos de trabalho. As margens das empresas estão esmagadas. Uma forte retração no consumo, a par da inflação galopante, subida dos custos de energia, combustíveis e juros, escassez de trabalhadores e outros constrangimentos, pode conduzir a despedimentos e encerramentos”, afirmou.

A líder da associação indica ainda que várias empresas estão em dificuldades pois acumularam endividamento da pandemia e agora a situação é longe de ser ideal. “Infelizmente, nos anos de pandemia as medidas a fundo perdido para apoiar a tesouraria, com raras exceções, como o lay-off simplificado, foram insuficientes, o que obrigou a sobre-endividamento. Findos os períodos de carência e as moratórias, as empresas deparam-se agora com obrigações financeiras que terão dificuldade em cumprir perante o tremendo contexto inflacionista e de perda de poder de compra”, disse.

O último boletim económico do Banco de Portugal aponta para um aumento do PIB de 6,7% este ano, cinco décimas acima da previsão de junho, com o consumo privado e turismo a serem os principais motores. Mas para o próximo ano o banco central ainda não reviu os dados, que estão marcados por vários fatores de incerteza, ligados à guerra na Ucrânia.

No entanto, a proposta do Orçamento do Estado prevê um crescimento moderado acima da média europeia - o que significa que haverá um abrandamento da economia face a este ano. Mas as perspetivas do setor ‘motor’ da economia portuguesa podem fazer recear os mais otimistas.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: piquete@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas