Economia

Orçamento: Governo tem margem para gastar, mas...

7 outubro 2022 9:37

João Silvestre

João Silvestre

Editor de Economia

antónio pedro ferreira

O ministro das Finanças parte de um défice mais baixo e, sem comprometer as metas, tem espaço para tomar medidas num ano de abrandamento e juros mais altos

7 outubro 2022 9:37

João Silvestre

João Silvestre

Editor de Economia

Talvez Fernando Medina não o imaginasse há uns meses, mas chega ao fim do seu primeiro ano (incompleto) nas Finanças com a possibilidade de fazer um brilharete no défice. Ao estilo dos seus antecessores Mário Centeno e João Leão. Em abril, quando apresentou o Orçamento do Estado para 2022, apontou para um défice de 1,9% do PIB. Agora, mesmo com algumas medidas entretanto adotadas, como a meia pensão adiantada aos reformados e os pagamentos de €125 e €50 às famílias e menores, pode ficar várias décimas abaixo. O Conselho das Finanças Públicas (CFP) calcula que pode ficar perto de 1,3% do PIB, de acordo com o cenário de políticas invariantes. Seis décimas de PIB a menos que valem qualquer coisa como €1300 milhões.

Medina parte para o Orçamento do Estado de 2023 com uma situação favorável. Na versão do Programa de Estabilidade 2022-2026, elaborado ainda por João Leão, esperava-se um défice de 0,7% do PIB no próximo ano. Agora, o CFP estima um excedente de 0,1%. Estas oito décimas de diferença correspondem a cerca de €1900 milhões. O valor concreto depende do andamento do PIB nominal: há uns meses, o Governo esperava que fosse de 5,8%, mas é provável que seja revisto em baixa. Em qualquer caso, é muito mais do que o Governo esperaria há uns meses. A margem é ainda maior com um objetivo de défice diferente: com 1%, por exemplo, são €2600 milhões e se, por hipótese, fossem 1,5%, seriam €3800 milhões.