Economia

Inflação na zona euro acelera para 10% em setembro e coloca pressão sobre o Banco Central Europeu

Nord Stream
Nord Stream
HANNIBAL HANSCHKE/REUTERS

A escalada dos preços no espaço da moeda única europeia não dá sinais de abrandar. Em setembro atingiu 10% segundo a estimativa rápida do Eurostat. Aumento coloca pressão adicional sobre o Banco Central Europeu para voltar a subir os juros, depois dos incrementos de julho e setembro

A subida da inflação na zona euro prossegue de forma aparentemente imparável. Em setembro, a variação homóloga do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) - a referência na Europa - aumentou 10%, acelerando face aos 9,1% de agosto e atingindo um novo máximo na história do espaço da moeda única, indica a estimativa rápida do Eurostat, publicada esta sexta-feira.

Em Portugal, a inflação também acelerou, segundo a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE), com a variação homóloga do IHPC a chegar aos 9,8%. Ainda assim, ficou abaixo da média da zona euro. Já tendo em conta o Índice de Preços no Consumidor, a inflação em Portugal atingiu 9,3%.

Ainda sem dar detalhes, o gabinete estatístico da União Europeia avança que a energia deverá ter registado a maior variação de preços em setembro na zona euro, nos 40,8%. Um valor que representa uma aceleração face aos 38,6% em agosto. Uma evolução a que não serão estranhos todos os problemas envolvendo o gasoduto Nordstream, primeiro com a suspensão de abastecimento de gás russo sem data de recomeço, depois, nos últimos dias, as notícias sobre explosões no gasoduto, classificadas como sabotagem.

Logo a seguir com as maiores subidas de preços surge o agrupamento da alimentação, álcool e tabaco, com uma variação de 11,8% em setembro, o que compara com 10,6% em agosto.

Quanto ao indicador de inflação subjacente (exclui produtos energéticos e alimentares não transformados, com preços mais voláteis), a variação homóloga subiu para 6,1% em setembro, o que compara com 5,5% em agosto.

BCE sob pressão para voltar a subir juros

Esta evolução da inflação na zona euro coloca o Banco Central Europeu (BCE) sob pressão para voltar a subir a sua taxa de juro de referência. Os 10% agora registados são cinco vezes mais do que os 2% que servem de referência a Frankfurt, que tem a estabilidade de preços inscrita no mandato da instituição.

Recorde-se que o BCE já subiu os juros por duas vezes em resposta à escalada dos preços. Primeiro em julho, com um aumento de 0,5 pontos percentuais na sua taxa de referência, e depois no início de setembro, com um incremento inédito na história do BCE de 0,75 pontos percentuais.

Desta forma, a taxa de juro de referência do BCE passou de zero para 1,25% no espaço de dois meses.

E Christine Lagarde, presidente do BCE, sinalizou esta semana que a subida dos juros é para continuar. Em declarações públicas afirmou que “temos de trazer a inflação de volta aos 2% e faremos o que temos de fazer. Isto é, continuar a aumentar as taxas de juro nas próximas reuniões”. Recode-se que a próxima reunião do BCE acontece já em outubro.

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