Economia

Posso ficar sem rede no telemóvel? Com os cortes de energia, é possível

Foto: Getty Images
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No inverno, com os cortes e poupança de energia, o setor das telecomunicações pode ser afetado. Empresas têm receio que haja cortes na rede móvel. Governos e sector estão a trabalhar em alternativas

Se em 2021 parecia impossível ficar toda a Europa sem rede móvel, no final deste ano e início de 2023 o cenário não é assim tão improvável. E porquê? Por causa dos cortes de energia ou mesmo as grandes poupanças energéticas.

De acordo com a agência “Reuters”, a decisão da Rússia de interromper o fornecimento de gás através da principal rota de fornecimento da Europa, em resposta às sanções da União Europeia por causa da invasão da Ucrânia, aumentou as probabilidades de falta de energia na Europa.

Em França a situação torna-se ainda mais grave, pois várias centrais nucleares estão a encerrar para manutenção.

Agora, reguladores do setor das telecomunicações dizem temer que um inverno rigoroso coloque a infraestrutura de telecomunicações europeia à prova, forçando empresas e governos a tentar mitigar o impacto.

Atualmente, não há sistemas de backup suficientes em muitos países europeus para lidar com cortes generalizados de energia, podendo gerar quebras nas redes móveis, disseram fontes do setor à agência de notícias.

Países da União Europeia, incluindo França, Suécia e Alemanha, estão a tentar garantir que as comunicações possam continuar mesmo que os cortes de energia acabem por esgotar as baterias de reserva instaladas nas milhares de antenas no território.

A Europa tem quase meio milhão de torres de telecomunicações e a maioria delas tem baterias de backup que duram cerca de 30 minutos para operar as antenas móveis.

Qual o plano?

Em França, a distribuidora de eletricidade Enedis prevê potenciais cortes de energia de até duas horas no pior cenário. E os apagões gerais afetariam apenas partes do país de forma rotativa, sendo que serviços essenciais, como hospitais, polícia e governo, não serão afetados.

Porém, a Federação Francesa de Telecomunicações disse que a Enedis não consegue isentar as antenas dos cortes de energia.

Na Suécia e na Alemanha as empresas de telecomunicações também levantaram questões sobre as possíveis faltas de eletricidade.

O regulador de telecomunicações está a trabalhar com as operadoras e o governo para encontrar soluções, disse. Adicionalmente, o regulador está a financiar a compra de estações de combustível móveis e estações de base móveis que se ligam a telemóveis para lidar com os cortes de energia mais longos.

Em Itália, o setor quer que a rede móvel seja excluída de qualquer corte ou paralisação de energia, e vai pedir isso mesmo ao novo governo italiano.

Além dos responsáveis dos setores, já há empresas a tentar precaver-se. A Nokia e a Ericsson estão a trabalhar com as operadoras para tentar mitigar o impacto da falta de energia.

As operadoras de telecomunicações europeias devem rever as suas redes para reduzir o uso extra de energia e modernizar os seus equipamentos. Para economizar energia, as empresas de telecomunicações estão a usar softwares para otimizar o fluxo de tráfego e fazer as torres 'hibernar' quando não estiverem em uso.

Segundo a “Reuters”, a Europa está habituada ao fornecimento contínuo de energia há décadas e nenhum país possui geradores que fazem reserva de energia por longos períodos de tempo.

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