Economia

Moeda chinesa recua face ao dólar para valor mais baixo em 14 anos

Moeda chinesa recua face ao dólar para valor mais baixo em 14 anos

Yuan caiu esta quarta-feira para o nível mais baixo dos últimos 14 anos, em relação ao dólar norte-americano

A moeda chinesa, o yuan, caiu esta quarta-feira para o nível mais baixo dos últimos 14 anos, em relação ao dólar norte-americano, apesar dos esforços do banco central da China para conter a queda.

A desvalorização do yuan é sobretudo motivada pelo rápido aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, o que leva os investidores a converterem dinheiro em dólares, na procura de obter melhores retornos.

Um yuan mais fraco ajuda os exportadores chineses, ao tornar os seus produtos mais baratos nos mercados externos, mas incentiva a fuga de capital. Isto aumenta os custos de financiamento para as empresas chinesas e atrasa os esforços do Partido Comunista para impulsionar o crescimento económico do país.

Um dólar valia hoje 7,2301 yuans -- o nível mais baixo da moeda chinesa desde janeiro de 2008, e uma queda de 15%, em relação ao pico atingido em março passado.

Em contraste com a Reserva Federal dos EUA, que elevou as taxas de juros por cinco vezes este ano, visando combater a inflação, o Banco Popular da China reduziu as taxas de juros, para impulsionar o crescimento económico, que caiu para 2,2%, em relação ao ano anterior, nos primeiros seis meses de 2022 -- menos de metade da meta oficial de 5,5%.

A taxa de paridade do yuan, face ao dólar, baseia-se na média dos preços oferecidos antes da abertura do mercado interbancário e pode oscilar, no máximo, 2% por dia. Isto evita grandes oscilações diárias, mas vários dias consecutivos de queda podem resultar em mudanças significativas.

Para reforçar a taxa de câmbio, Pequim cortou a quantidade de depósitos em moeda estrangeira que os bancos chineses devem manter como reservas, de 8% para 6%, em meados de setembro. Ao aumentar a quantidade de dólares e outras moedas estrangeiras disponíveis para comprar yuans as autoridades visavam valorizar a moeda chinesa.

Mas é improvável que este corte nas reservas trave uma queda impulsionada por "um dólar americano forte e pelas expectativas de mais aumentos das taxas de juros pela Reserva Federal", apontou Iris Pang, do banco de investimento holandês ING, num relatório.

"Um tom menos agressivo sobre a possibilidade de aumento das taxas de juros" pode ajudar o yuan a subir, mas se a "Reserva Federal mantiver um tom muito agressivo", no próximo ano, a moeda chinesa deve desvalorizar ainda mais, previu.

As autoridades chinesas já tinham prometido evitar uma "desvalorização competitiva" para obter vantagens comerciais.

O yuan afundou, em 2019, após o anterior presidente dos EUA, Donald Trump, ter lançado uma guerra comercial contra Pequim. Isto levou a sugestões de que a China estava a tentar reduzir o impacto do aumento das taxas alfandegárias impostas por Trump sobre bens oriundos do país asiático. A moeda, no entanto, recuperou dessa desvalorização.

Outros bancos centrais também estão a tentar travar a fuga de capital causada pelos aumentos das taxas de juros nos Estados Unidos, incluindo o Banco Central Europeu.

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