Economia

Governo britânico tenta acalmar banqueiros da City. 'Choque fiscal' é para manter

O rosto da rainha Isabel II numa nota de 10 libras
O rosto da rainha Isabel II numa nota de 10 libras
Daniel Harvey Gonzalez/Getty Images

O ministro das Finanças britânico, Kwasi Kwarteng, tentou acalmar os líderes da City de Londres reforçando a confiança no seu plano de investimento e de corte de impostos

O novo ministro das Finanças britânico, Kwasi Kwarteng, reuniu-se com líderes de grandes financeiras da City de Londres para garantir-lhes que está confiante em relação ao sucesso futuro do seu plano de estímulo ao investimento, apesar dos mercados terem reagido de forma muito contundente, ao desvalorizarem a libra para mínimos de sempre e ao provocarem um aumento dos custos de financiamento do Tesouro britânico.

De acordo com o Financial Times desta terça-feira, 27 de setembro, Kwarteng encontrou-se com líderes de financeiras e de gestoras de ativos como a Aviva, a BlackRock, a Fidelity e o JPMorgan, entre outras, para dizer-lhes: “Estou confiante que com o nosso plano de crescimento e o plano fiscal de médio-prazo que ai virá - em cooperação próxima com o Banco de Inglaterra - a nossa abordagem irá funcionar”.

O Banco de Inglaterra afastou na segunda-feira a possibilidade de um aumento de emergência da taxa diretora para segurar a libra nos mercados cambiais, depois de na madrugada de segunda-feira a moeda britânica ter batido nos 1,03 dólares, um mínimo de sempre. Remeteu para a decisão de política monetária de novembro medidas para conter a desvalorização da libra.

Na manhã desta terça-feira, a libra cotava estável nos 1,076 dólares. Face à moeda única, negociava também estável nos 1,118 euros.

“Estamos confiantes", disse Kwarteng, na capacidade da “nossa estratégia de longo-prazo impulsionar crescimento económico através de cortes de impostos e de reformas do lado da oferta (…) reformas do lado da oferta são críticas - aumentar capacidade faz com que os preços caiam", disse, de acordo com a transcrição do discurso do ministro aos líderes da banca.

Os cortes de impostos, na ordem dos 45 mil milhões de libras (cerca de 52 mil milhões de euros ao câmbio atual), vão ser financiados através de muito mais emissão de dívida, cujos custos acabaram de aumentar com a desconfiança reforçada dos mercados, mas Kwarteng garante que o crescimento a longo-prazo é a prioridade.

As obrigações soberanas britânicas a 10 anos negociavam com uma rendibilidade (yield) de 4,29% na tarde de terça-feira, face a cerca de 3,5% no dia 23 do setembro, dia de apresentação do plano orçamental.

Kwarteng disse-lhes também que não pretende descarrilar a sustentabilidade das contas públicas britânicas, e que irá apresentar “um plano credível para fazer cair o rácio de dívida e produto interno bruto” a 23 de novembro, justificando as medidas expansionistas em termos de despesa com a crise energética nascida de “dois choques exógenos”, a pandemia e a invasão russa da Ucrânia.

O ministro do gabinete de Liz Truss, a primeira-ministra conservadora que substituiu Boris Johnson em setembro, acrescentou que virão ainda mais detalhes relativos à reforma da City de Londres, num pacote chamado Big Bang 2.0 que pretende dinamizar o setor bancário da capital britânica e que já tem como medida emblemática, e já anunciada, o fim dos limites máximos nos bónus dos banqueiros.

O ministro acrescentou que se reúne diariamente com o governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, e que “trabalham de forma próxima” nesta época de crise.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: piquete@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas