Economia

Costa Silva defende mais confiança nas empresas num país em que enfrentam “hostilidade”

Costa Silva defende mais confiança nas empresas num país em que enfrentam “hostilidade”
Pedro Nunes

“O clima que existe no país, de hostilidade para as empresas, sobretudo contra as grandes empresas, é um clima absolutamente nocivo”, disse o ministro da Economia esta sexta-feira

O ministro da Economia, António Costa Silva, defendeu esta sexta-feira, 23 de setembro, que deve haver mais confiança nas empresas, alertando para a “hostilidade” que enfrentam e defendendo que condicionar a sua atividade “traz sempre maus resultados”.

“Temos de confiar nas nossas empresas. O clima que existe no país, de hostilidade para as empresas, sobretudo contra as grandes empresas, é um clima absolutamente nocivo”, disse Costa Silva na conferência “O Desafio da Produtividade na Economia Portuguesa”, que decorre esta sexta-feira, 23 de setembro, no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

O governante acrescentou que “a história do século XX prova, depois de todas as experiências que foram feitas, que o capitalismo é o sistema que gera riqueza, gera prosperidade”, mas que os mercados têm de ser regulados.

No entanto, apontou que a aplicação de imposições ou condicionantes às empresas “traz sempre maus resultados”.

“Tudo o resto – impor às empresas, condicionar a sua atividade, refrear o seu desenvolvimento – traz sempre maus resultados, e se nós conseguirmos libertar o potencial criativo que existe nas empresas, caminharemos em direção ao futuro”, afirmou, na sessão de abertura da conferência organizada pelo Conselho Económico e Social e pelo Conselho para a Produtividade.

O ministro da Economia considera que, “no que concerne à produtividade, o país não consegue passar da cepa torta”.

“Penso que não há muitas dúvidas sobre aquilo que se passa com a produtividade no país, e os números são incontornáveis. Em 2010, o PIB per capita, quando se comparava com a média europeia, era de cerca de 76%, dez anos depois desceu para 73%. Quando analisamos a produtividade no trabalho, o PIB por horas trabalhadas, em 2010 era de 63%, dez anos depois é de 60%”, disse.

“Portanto, o grande desafio é por que é que, no que concerne a produtividade, o país não consegue passar da cepa torta”, sublinhou.

De acordo com o ministro, há três “fatores que são cruciais” para o aumento da produtividade: a educação, a inovação e os investimentos.

Nestes campos, Costa Silva apontou algumas evoluções nos últimos anos, mas considera que é necessário um Estado “muito mais ágil”.

“Precisamos de um Estado muito mais ágil, que saiba responder quando as empresas apresentam projetos, não ponha as empresas a dialogar com sete ou oito instituições diferentes ou a esperar sete ou oito anos por um processo de licenciamento. Isto não pode ser”, vincou.

“Sei que isto incomoda muita gente, mas o país não vai melhorar se nós não tivermos o licenciamento mais simplificado, se não tratarmos das questões da fiscalidade, se não racionalizarmos a despesa corrente do Estado, se nós não transformarmos o Estado num parceiro de desenvolvimento económico no país, e isso penso que é absolutamente decisivo para o futuro”, atirou o governante.

Costa Silva concluiu a sua intervenção destacando a importância das grandes empresas.

“Sou contra a síndrome do Portugal dos Pequeninos. Quando olho para o tecido empresarial português, quase 90% das nossas empresas são microempresas. Tenho muito respeito pelas microempresas, pelas pequenas empresas, mas se nós apostarmos só nas micro e pequenas empresas, o país não dará o salto que precisa. São as grandes empresas que agregam valor, que condicionam todas as cadeias de fornecimento, que arrastam a economia”, afirmou, dias depois de ter defendido a redução sobre o IRC.

Depois de o ministro da Economia ter defendido, na quarta-feira, que uma redução do IRC transversal a todas as empresas seria “um sinal extremamente importante para toda a indústria” e “extremamente benéfico” face à atual crise, o ministro das Finanças, Fernando Medina, preferiu remeter uma posição para o final das negociações.

A redução de cada ponto percentual da taxa tem um impacto na receita de cerca de 100 milhões de euros.

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