Economia

Juros pagos pelo Estado português aumentam em nova emissão de dívida de curto prazo

Juros pagos pelo Estado português aumentam em nova emissão de dívida de curto prazo
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Nas linhas de Bilhetes de Tesouro a seis e doze meses, o Tesouro registou uma subida muito substancial do juro a pagar face a anteriores emissões comparáveis. O juro dos títulos a 12 meses superou 1,9%

O Estado português colocou o montante máximo definido para a emissão das duas linhas de Bilhetes do Tesouro (BT) da manhã desta quarta-feira com maturidade a seis meses e a 12 meses, mas pagou juros muito mais altos.

De acordo com os dados do IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, o Tesouro pagou na linha de BT a 6 meses, com vencimento a março de 2023, uma taxa de 1,291%, colocando 440 milhões de euros com procura 2,92 superior à oferta.

Na linha a 12 meses, com maturidade a setembro de 2023, o Estado pagou uma taxa de 1,916%, colocando 810 milhões de euros com uma procura 1,55 acima da oferta.

A 18 de maio, na última emissão comparável, o IGCP já tinha pago, na linha a 12 meses, um juro positivo de 0,236% a seguir a uma emissão com juro negativo a 16 de março; vendo agora uma subida muito substancial do juro a pagar.

A seis meses, em maio, a emissão foi feita a um juro de -0,179%, depois de uma emissão em março a uma taxa de -0,571%. A taxa da emissão desta quarta-feira foi, assim, já positiva, e muito acima das comparáveis anteriores.

De acordo com Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, num comentário enviado às redações, “face ao último leilão comparável assistimos a uma subida nas taxas", que justifica com as “políticas monetárias agressivas” dos bancos centrais, “numa tentativa de travar a inflação, quando ao mesmo tempo tentam suavizar o impacto na economia”.

“As subidas de taxas têm sido globalizadas e a ritmos sem precedentes, elevando os custos de financiamento das novas emissões que chegam ao mercado”, explica.

“Portugal tem assistido a uma subida das taxas em todas as maturidades, por força deste movimento. No entanto o spread da dívida nacional versus a Alemanha tem estado estável, e a refletir o bom momento que a economia tem vivido”, detalha o mesmo responsável.

"A era de juros negativos chegou ao fim e o custo do serviço da dívida vai continuar a aumentar. No entanto se os Bancos Centrais conseguirem os seus objetivos, as subidas abruptas que temos assistido irão suavizar a prazo”, observa ainda Filipe Silva.

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