Economia

Reserva Federal dos EUA deve subir de novo as taxas de juro, apesar da ameaça de recessão

Reserva Federal dos EUA deve subir de novo as taxas de juro, apesar da ameaça de recessão
Kevin Dietsch/Pool via REUTERS

Economistas apostam numa nova subida de 75 pontos base, a terceira consecutiva

A Reserva Federal norte-americana (Fed) deverá decidir, na reunião de dois dias que começa esta terça-feira, um novo aumento forte das taxas de juro para travar a inflação, apesar da ameaça de recessão.

Em agosto, a inflação nos Estados Unidos ficou acima do previsto, com o índice de preço CPI a avançar 8,3% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o que deverá levar a Fed a agir.

Os preços continuaram a aumentar significativamente apesar de uma ligeira desaceleração da inflação pelo segundo mês consecutivo.

"Sem surpresa a Fed deve subir de novo as taxas em 75 pontos base", prevê Nancy Vanden Houten, economista da Oxford Economics, citada pela AFP.

Desde março, o banco central norte-americano já aprovou quatro subidas das taxas de juro, as duas últimas, em junho e julho, de 75 pontos base, um aumento que não acontecia desde 1994.

As taxas de juro de referência estão, atualmente, entre 2,25% e 2,50%, tendo subido gradualmente de forma a aumentar o custo do crédito para particulares e empresas e abrandar o consumo e o investimento.

O Banco Central Europeu (BCE) também decidiu um aumento idêntico de 75 pontos base nas suas taxas de juro, no início de setembro, um aumento inédito desde a criação do euro.

A maior parte dos participantes no mercado antecipa que a Fed deve decidir um aumento de 75 pontos base, mas já foi também avançada a possibilidade de um aumento mais forte, de um ponto percentual (100 pontos base).

Os "números escaldantes" da inflação "aumentaram a pressão sobre a Reserva Federal para um aumento de um ponto percentual", considera Diane Swonk, economista-chefe da KPMG, acrescentando que "será uma das decisões mais difíceis e com maior carga política", devido à possibilidade de recessão.

Há um "risco de recessão", admitiu recentemente a secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, afirmando, no entanto, que a prioridade é travar esta subida de preços.


O ex-secretário do Tesouro Larry Summers, que foi um dos primeiros em 2021 a alertar para um "sobreaquecimento" da economia, também se inclina para um aumento de um ponto percentual, "para "reforçar a credibilidade" da Fed, mostrar que pode agir de forma eficaz contra a inflação, escreveu no Twitter.

Durante largos meses, a Fed considerou que a inflação seria apenas "transitória".

A robustez do mercado laboral norte-americano tem dado à Fed margem para medidas mais agressivas. A taxa de desemprego nos Estados Unidos é de 3,7%, uma das mais baixas dos últimos 50 anos, havendo mesmo uma escassez de trabalhadores para alguns postos de trabalho vagos.

Além da decisão sobre as taxas de juro, a Fed vai atualizar na quarta-feira, quando terminar a reunião, as previsões em matéria de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de inflação e de desemprego.

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