Cadeias de supermercados vão recorrer das multas da Autoridade da Concorrência
A Sonae MC fala em “acusações desprovidas de qualquer relação com a realidade”, Pingo Doce diz que a coima “é injusta e imerecida”, Auchan “refuta totalmente” as práticas que lhe são imputadas
As acusações são "desmentidas pela evidência dos factos". É assim que a Sonae MC, dona do Continente, marca líder no retalho alimentar em Portugal, reage às acusações da Autoridade da Concorrência, que esta quarta-feira voltou a acusar esta cadeia de supermercados, o Pingo Doce e a Auchan de articulação de preços com um fornecedor de bebidas alcoólicas.
À semelhança daquilo que aconteceu em acusações anteriores, as cadeias de supermercados refutam as acusações e anunciam que vão recorrer das multas da Autoridade da Concorrência (AdC) que ascendem a um valor total de 5,6 milhões de euros.
“A MC repudia, em absoluto, esta decisão de condenação, manifestamente errada e infundada, e rejeita a acusação de envolvimento da sua participada em qualquer acordo ou concertação de preços, em prejuízo dos consumidores, bem como a aplicação de qualquer coima”, garante a empresa em comunicado, decidida a garantir o "cabal esclarecimento dos factos de que é acusada, a defesa da sua reputação e a afirmação dos seus valores”.
“As acusações, que surgem de investigações que remontam a 2017, são desprovidas de qualquer ligação à realidade do mercado português, sendo desmentidas pela evidência dos factos, pela natureza altamente competitiva do setor da grande distribuição em Portugal e pelo valor transferido para o consumidor final ao longo dos anos, como tem sido reconhecido por todos os intervenientes e pela própria AdC”, sustenta a Sonae MC.
A AdC multou, também, o Pingo Doce, a Auchan, o fornecedor comum de bebidas alcoólicas Active Brands/Gestvinus e um responsável desta empresa por participarem num esquema de fixação de preços.
Para o Pingo Doce, do grupo Jerónimo Martins, a multa é “injusta e imerecida e, por isso, à semelhança das anteriores, será impugnada nos tribunais a fim de ser reposta a verdade dos factos”.
Quanto à Auchan, “refuta totalmente as práticas que lhe são imputadas pela Autoridade da Concorrência” e garante que “são assegurados internamente todos os processos de formação e controlo dos seus colaboradores a fim de evitar qualquer tipo de comportamentos que possam resultar na violação das regras de concorrência”.
De acordo com a acusação da AdC, “as empresas de distribuição participantes asseguraram o alinhamento dos preços de retalho nos seus supermercados mediante contactos estabelecidos através do fornecedor comum, sem necessidade de comunicarem diretamente entre si”. A decisão, diz a AdC em comunicado, resulta de uma investigação realizada entre 2009 e 2017 que teve como alvo vários produtos do fornecedor de bebidas.
Na distribuição das multas, a coima maior foi aplicada ao fornecedor de vinhos e bebidas espirituosas (2,39 milhões de euros), seguindo-se a Modelo Continente (1,4 milhões), o Pingo Doce (1,2 milhões) e a Auchan (660 mil). O responsável da empresa de distribuição de bebidas recebeu uma multa de 5178 euros.
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