Economia

O ‘amor à camisola’ tem os dias contados

10 setembro 2022 23:38

Cátia Mateus

Cátia Mateus

textos

Jornalista

Super trabalhadores

indiapix/indiapicture

Há um novo movimento a emergir entre os trabalhadores. Chamam-lhe ‘demissão silenciosa’, deixar de viver em função do trabalho para fazer “só o necessário”. Estarão as empresas preparadas?

10 setembro 2022 23:38

Cátia Mateus

Cátia Mateus

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Jornalista

Há vida além do trabalho e são cada vez mais os profissionais que recusam ceder aos excessos da vida profissional. A pandemia deixou ao mercado de trabalho vários legados. Um deles foi a ideia de que é possível trabalhar de outra forma, rompendo com a prática das longas jornadas de 10 a 12 horas de trabalho no escritório. Nos últimos meses uma nova tendência tem vindo a ganhar dimensão no mercado. Os especialistas chamam-lhe demissão silenciosa — quiet quitting, na designação original — e a tendência tornou-se viral através da rede social TikTok.

Não se trata de uma demissão no sentido formal do termo. Os trabalhadores não se recusam a trabalhar nem são negligentes na execução das tarefas, simplesmente impõem limites. Não fazem horas extra, não vão além das funções para as quais foram contratados, não trabalham mais por “amor à camisola”. Cumprem a função para a qual foram contratados, no horário estipulado. Vanda Brito, diretora de recursos humanos da consultora Kelly Portugal, defende que esta mudança de mentalidade, cimentada durante a pandemia, marca uma rutura com a forma como nos relacio­namos com o trabalho e o seu papel nas nossas vidas. “É um caminho sem retorno, este de mostrar que a nossa carreira não nos define como pessoas e não é o centro da nossa existência”, que está a ser alavancado sobretudo pelas novas gerações de profissionais, mas “certamente que terá um efeito de contágio às anteriores”.