3 setembro 2022 8:48

nuno fox
Famílias com menores rendimentos enfrentam uma inflação superior à oficial. Escalada dos preços tem consequências muito assimétricas, que podem não ser captadas pelos indicadores oficiais
3 setembro 2022 8:48
Pela primeira vez em quase um ano, a inflação em Portugal interrompeu a tendência de aceleração. Com os produtos energéticos a darem uma (pequena) trégua, a variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) abrandou ligeiramente em agosto, para 9%, o que se compara com 9,1% em julho. Mas os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) servem de pouco consolo às famílias. A inflação está em níveis que não eram vistos no país há quase três décadas e, apesar da “enorme incerteza”, Paula Carvalho, economista-chefe do BPI, antecipa que “ainda não atingimos o pico”. Além disso, os preços dos produtos alimentares continuam a acelerar.
Com os salários a não acompanharem a inflação, perdendo poder de compra, e os bens essenciais entre os preços que mais sobem, as famílias de menores rendimentos são as mais penalizadas. Mas a classe média também sofre. “A inflação tem efeitos pesados sobre as famílias, que se repercutem de forma desigual ao longo da distribuição de rendimentos. Temos efeitos muito fortes nas famílias mais pobres, mas também efeitos nas famílias de classe média e média baixa”, destaca Carlos Farinha Rodrigues, professor do ISEG, vincando que a escalada dos preços “tem consequências profundamente desiguais”.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.