Economia

Desemprego em queda, imune à conjuntura. Como se explica?

3 setembro 2022 20:27

Cátia Mateus

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Jornalista

Sofia Miguel Rosa

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Jornalista infográfica

marcos borga

O desemprego nacional continua a diminuir, apesar do abrandamento do crescimento económico. Fatores demográficos e medidas da pandemia explicam aparente resiliência do mercado de trabalho, que pode não durar muito mais

3 setembro 2022 20:27

Cátia Mateus

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Sofia Miguel Rosa

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Os últimos indicadores mensais do Instituto de Nacional de Estatística (INE), divulgados esta semana, confirmam uma nova descida da taxa de desemprego no país para 5,9% em julho. O sétimo mês do ano fechou com 306,2 mil desempregados e, ainda que provisórios, estes indicadores reforçam a tendência de progressiva diminuição quer da taxa de desemprego quer do desemprego registado, que estão em mínimos de 2011 e 2003, respetivamente, com os empregadores a denunciarem cada vez mais dificuldades em contratar. Esta resiliência do mercado de trabalho nacio­nal à pressão que o conflito na Ucrânia tem colocado à economia europeia não deixa de impressionar os economistas, que apontam vários fatores para um nível de desemprego tão baixo, desde questões demográficas aos mecanismos de proteção do emprego que vigoraram durante a pandemia. Mas a questão de fundo é até quando conseguirá o país manter o desemprego em mínimos? Talvez não por muito tempo, admitem os economistas.

Comecemos pelos números. Numa aparente imunidade à escalada do conflito na Ucrânia e os seus efeitos — desaceleração da economia nacional (medida pelo crescimento do PIB), aumento dos custos de energia, escalada da inflação, subida dos juros —, no segundo trimestre o desemprego voltou a recuar para 5,7%, o valor mais baixo da atual série estatística do INE, iniciada em 2011. Esta redução foi acompanhada por máximos no emprego, que superou os níveis pré-pandemia, com a população empregada a alcançar 4,9018 milhões. Desde 2011 que o país não contabilizava tanta gente empregada. Também a taxa de subutilização do trabalho — que mede, além dos desempregados, os inativos disponíveis para trabalhar mas que não procuram ativamente emprego e os inativos que procuram mas não estavam disponíveis no imediato — recuou (1,1 p.p. em termos homólogos) para 11,2%.