Sector automóvel reúne-se para discutir tendências e soluções para o futuro do cluster em Portugal
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O objetivo é tornar Portugal num país mais competitivo no sector, com mão-de-obra mais qualificada, de forma a poder liderar nas novas formas de mobilidade à medida que os motores a combustão forem ficando obsoletos
Tornar Portugal numa referência dos veículos a hidrogénio, criar condições para atrair empresas tecnológicas ligadas ao automóvel ou reconverter algumas empresas do sector, são algumas das propostas da Mobinov – Associação do Cluster Automóvel de Portugal, e que vão ser discutidas nos próximos dias 5 e 6 de setembro, em Lisboa, no âmbito do ‘Global Mobility 2022. Driving Portugal to the World’.
O evento, que decorrerá no Centro Cultural de Belém, pretende, segundo a organização, antever o futuro da indústria automóvel em Portugal e analisar as principais tendências do sector, em conjunto com a ACAP – Associação Automóvel de Portugal e da AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel.
Entre os vários temas em análise irão estar ainda a “Inteligência Artificial e Big Data na Indústria Automóvel”, a “Importância do I&D [investigação e desenvolvimento] para a Indústria Automóvel” e “Infraestruturas: Uma Barreira para o veículo Autónomo e Conectado?”.
O caminho para a descarbonização do sector automóvel pode ser mais lento do que os políticos desejam, porque nem toda a indústria está preparada
No âmbito deste evento, a Mobinov propõe dez medidas para o sector:
1 - Liderança no hidrogénio
Portugal como país de referência do veículo a hidrogénio, nomeadamente ao nível das condições para produção de componentes, veículos e teste dos mesmos. Necessidade de uma rede de abastecimento de hidrogénio, bem como concretizar a aposta na produção de hidrogénio verde em Portugal.
2 - Atrair e reter talento na indústria automóvel
A necessidade de atração e retenção de talento para as empresas da indústria automóvel surge das novas capacidades requeridas para levar a cabo a transição energética e a transformação digital neste setor. As tendências exigem recursos especializados com um know-how diferenciado e específico para o sector. Este talento torna-se assim cada vez mais importante de atrair e reter.
3 - Capacitar recursos humanos
A pandemia trouxe consigo novos desafios, como a rotatividade de mão-de-obra altamente especializada no sector, que irá demorar a ser substituída. Adicionalmente, também a transição tecnológica e transformação digital exigem novas capacidades aos recursos humanos das empresas. A capacitação dos recursos humanos em áreas com a literacia digital surge como fundamental na resposta à pandemia e acompanhamento das restantes tendências.
4 - Atrair empresas orientadas ao veículo do futuro
Portugal deve potenciar as boas condições que dispõe para atrair empresas tecnológicas, ligadas ao setor automóvel e focadas nas tendências do futuro, que possam investir no país e dinamizar o sector através da criação de sinergias e retenção de capital.
5 - Promover a reconversão das empresas existentes no cluster
Portugal deve criar as condições necessárias para que as empresas do país consigam reconverter-se e adaptar-se às necessidades futuras, de forma a fomentar o crescimento do cluster português.
6 - Desenvolver o cluster como ecossistema de fomento à inovação e partilha de conhecimentos
O ecossistema criado pelo cluster deve fomentar a partilha de informação e colaboração para que as empresas portuguesas se possam destacar pela sua competitividade e ganhar quota de mercado a nível internacional.
7 - Ligar, de forma sustentável, as empresas portuguesas com o centro da Europa
Devem ser criadas plataformas multimodais que permitam às empresas portuguesas serem mais eficientes e responderem às necessidades dos construtores internacionais de aumento da sustentabilidade em toda a cadeia de valor.
8 - Criar as condições necessárias ao acompanhamento da transição energética
Através da disponibilização de melhores infraestruturas e de custos de contexto competitivos, Portugal poderá ser capaz de acompanhar a transição energética, providenciando as empresas do cluster com as condições necessárias a esse objetivo.
9 - Disponibilizar os incentivos necessários ao desenvolvimento das empresas portuguesas
Para o crescimento da indústria e acompanhamento das tendências, será necessário a disponibilização de incentivos direcionados às necessidades específicas das empresas do cluster, numa estrutura ajustada para grandes e pequenas empresas. Nomeadamente, incentivos direcionados à transição energética do setor e à transformação tecnológica do processo produtivo das empresas.
10 - Promover a neutralidade carbónica das empresas e a economia circular
Para o cumprimento das metas e objetivos traçados nos planos nacionais e europeus, existe uma pressão relativamente à descarbonização da indústria e estímulo à economia circular. Deverão ser disponibilizadas linhas de incentivos que permitam às empresas do cluster investir nestas duas áreas sem perderem a competitividade necessária.
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