O esclarecimento da TAP surge na sequência de uma notícia do Expresso, publicada esta sexta-feira, onde se atribui o aumento do indicador de documento pendentes de voo, relativo a bilhetes vendidos e ainda não usados, para 1,064 milhões de euros no primeiro semestre de 2022 à pandemia e cancelamentos. Uma informação que a companhia rejeita, atribuindo este valor maioritariamente a voos vendidos nos primeiros seis meses, para realizar a partir de julho.
Os 1,064 milhões de euros referidos na notícia do Expresso, representam 18% do passivo da transportadora, conforme se pode ler relatório e contas publicado na terça-feira. É um crescimento de 420 milhões de euros face ao final de dezembro de 2021, ano no qual os chamados documentos pendentes de voo situavam-se nos 644 milhões de euros, e representavam então 12% do passivo. Em 2019, ano de recorde de vendas, os documentos pendentes de voo ascendiam a 481 milhões de euros.
No seu esclarecimento, a TAP não desmente a notícia do Expresso que apresenta dados corretos, contesta o subtítulo da chamada de primeira página do Caderno da Economia, onde é afirmado: "pandemia e cancelamentos fazem disparar valor de bilhetes vendidos com voos pendentes".
A TAP afirma, numa nota enviada ao Expresso, que o “disparar” do “valor de bilhetes vendidos com voos pendentes” não está relacionado com a “pandemia e cancelamentos”. E acrescenta: "Na verdade, o que “disparou” durante o primeiro semestre foi a venda de bilhetes e isso é absolutamente virtuoso".
Diz ainda a companhia, que "de facto, as responsabilidades de documentos de voo não utilizados consistem principalmente em bilhetes vendidos no período relatado que ainda não tenham sido voados. Por outras palavras, estas são receitas futuras, uma vez que as receitas de um bilhete vendido só são reconhecidas em termos contabilísticos no momento do cumprimento do serviço, ou seja, do voo".
A TAP não avança, porém, que montante dos mil milhões representam vendas feitas entre 01 de janeiro e 30 de junho deste ano, e que serão feitas posteriormente.
E sublinha ainda: "O aumento desta posição é, por conseguinte, o resultado da venda de bilhetes no período comunicado para voos que terão lugar após o final do período comunicado, ou seja, após 30 de junho de 2022".
Nas contas do primeiro semestre de 2022, a TAP regista os 1,064 milhões na rubrica do passivo. E numa nota explicativa do relatório e contas do ano passado explica que “os documentos pendentes de voo em 31 de dezembro de 2021 incluem montantes significativos referentes a voos não realizados até essa data, mantendo o grupo a sua responsabilidade pela prestação do serviço no futuro ou pelo reembolso nos termos contratuais”.
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