O volume de tráfego postal em Portugal caiu 3% no primeiro semestre deste ano face ao mesmo período do ano passado, para os 290,6 milhões de objetos, de acordo com os dados da Anacom - Autoridade Nacional de Comunicações divulgados esta quarta-feira, 24 de agosto.
O relatório do regulador das comunicações estima que o efeito da pandemia da covid-19 tenha representado um impacto negativo de 8% no tráfego de janeiro a junho deste ano, melhorando face à quebra de 9,5% associada à pandemia do primeiro semestre de 2021.
Por isso, realça a Anacom, no comunicado, "embora os efeitos da pandemia ainda se tenham feito sentir no último semestre, com a eliminação gradual das restrições à circulação ao longo de 2021, o tráfego postal parece ter iniciado um processo de recuperação do choque provocado pela pandemia".
No primeiro semestre deste ano, o tráfego de correspondências recuou 3,6%, o de correio editorial caiu 5,8%, e o de encomendas diminuiu 5,6%, tendo o tráfego de publicidade endereçada crescido 12,5%.
Já o tráfego internacional de entrada, "que representava cerca de 5% do total de tráfego postal, diminuiu 24,9% em relação ao semestre homólogo, decréscimo que foi influenciado pelo fim da isenção do imposto sobre o valor acrescentado (IVA) nas compras extracomunitárias de baixo valor", detalha o regulador.
As correspondências continuavam a ter a maior quota no universo do tráfego postal no final de junho, com 74,2% do tráfego total, seguidas do correio editorial e da publicidade endereçada, com 7,2% e 7,4% respetivamente.
A quota das encomendas cifrou-se nos 11,3%, uma quebra de 0,3 pontos percentuais face à do período homólogo e, no que toca a receitas, o peso relativo deste segmento foi de 41,4%, menos 1,3 p.p. do que no primeiro semestre de 2021.
No que concerne ao serviço universal (SU), os serviços postais "foram responsáveis por cerca de 81,1% do tráfego e 52,5% das receitas", segundo o comunicado da Anacom, tendo-se registado uma queda do tráfego de SU de 3,4%.
O peso do SU no total do tráfego recuou 0,3 pontos percentuais face ao primeiro semestre de 2021. Ao mesmo tempo, "as receitas do SU aumentaram 1,8% e o seu peso no total aumentou 1,3 pontos percentuais", especifica o regulador.
Receitas estáveis graças a aumento de preços
As receitas dos prestadores de serviços postais registaram uma queda homóloga de 0,8% no primeiro semestre para os 349,1 milhões de euros devido à queda de 3,9% das receitas das encomendas.
Porém, o aumento dos preços levado a cabo pelos CTT em duas ocasiões, a 1 de abril de 2021 e a 7 de março deste ano, levaram a que as receitas das correspondências, de correio editorial e de publicidade endereçada tivessem crescido 1,5%, 0,9% e 0,8%, respetivamente, no primeiro semestre. Os aumentos resultaram num aumento de 5,3% da receita unitária das correspondências.
Desde 2018 que a receita média por objeto tem vindo a subir, e o primeiro semestre não interrompeu essa trajetória, tendo crescido mais 2,2% face ao semestre homólogo.
Segundo a Anacom, "o grupo CTT dispunha de uma quota de cerca de 85,8% do tráfego postal, mais 0,3 pontos percentuais do que no primeiro semestre de 2021", e, no SU, este "detinha uma quota de cerca de 91%, mais 0,8 pontos percentuais do que no semestre homólogo. Por outro lado, a quota de encomendas do grupo CTT atingiu 47,1% (-2,9 pontos percentuais do que no semestre homólogo)."
O número de trabalhadores nos serviços postais caiu 1,4% face ao semestre homólogo para perto de 15 mil funcionários, "sobretudo à evolução do número de trabalhadores do Grupo CTT", que registou uma queda de 3,4% no seu quadro de pessoal, em contraciclo com "o número de trabalhadores dos prestadores alternativos [que] aumentou 4,1%".
"No primeiro semestre de 2022, o número de pontos de acesso aumentou (+6,2%), enquanto o número de centros de distribuição diminuiu (-4,8%). O número de estações de correio dos CTT aumentou 0,7%, em relação ao semestre homólogo, mantendo-se a tendência de crescimento que se iniciou em 2019, enquanto o número de postos públicos diminuiu 0,1%", termina o comunicado.
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