A Farfetch chegou a acordo com a Richemont, dona de marcas de luxo como a Cartier, e com o magnata saudita Mohamed Alabbar, para uma troca de participações, anunciou a plataforma de comércio eletrónico liderada pelo português José Neves esta quarta-feira, 24 de agosto.
Nos termos do acordo, o veículo de Alabbar, a Symphony Global, e a Farfetch irão comprar participações de 3,2% e 47,5%, respetivamente, no YOOX Net-a-Porter Group (YNAP), a plataforma de comércio eletrónico da Richemont.
Em troca, a YNAP, tal como os restantes negócios da Richemont, irão adotar a Farfetch Platform Solutions, a plataforma de comércio eletrónico desenvolvida pela Farfetch.
"Isto representa um passo significativo rumo à visão da Richemont de tornar a YNAP numa plataforma neutra que abranja toda a indústria, e através de um mecanismo de opções put e call [títulos que dão aos detentores o direito de vender e comprar, respetivamente, determinados títulos] (...) abre-se caminho rumo à potencial aquisição pela Farfetch das restantes ações da YNAP, juntando estes dois negócios altamente complementares", segundo o comunicado.
O objetivo da Richemont é tornar a YNAP mais rentável ao adotar o modelo mais próximo ao da Farfetch, livrando-de da gestão direta de mercadorias e passando a operar como um marketplace onde terceiros vendem os seus bens.
A Farfetch irá adquirir 47,5% da YNAP, uma posição que não dará o controlo à empresa e que não obriga à consolidação da entidade nas contas.
A Richemont irá receber, neste processo, entre 53 milhões e 58,5 milhões de ações ordinárias Classe A da Farfetch, que deverão representar entre 12% e 13% do capital emitido em bolsa.
O acordo prevê igualmente que a empresa suíça receba o equivalente a 250 milhões de dólares (cerca de 251 milhões de euros ao câmbio atual) em ações Classe A da Farfetch cinco anos depois da conclusão da primeira transação.
Por esta altura, a Richemont antecipa que a YNAP estará já limpa da dívida que hoje acumula, e que terá dinheiro em caixa, no mínimo, de 2902 milhões de dólares (2916 milhões de euros). A holding compromete-se a abrir por essa altura uma linha de crédito de 450 milhões de dólares (452 milhões de euros) que pode ser usada pela YNAP nos 10 anos seguintes, sob determinadas condições.
A YNAP passa, assim, a ser considerada contabilisticamente como uma operação em descontinuação da Richemont.
Mohamed Alabbar, entretanto, vai adquirir os 3,2% na YNAP em troca das ações que detinha na joint venture celebrada com a YNAP na região do Conselho de Cooperação do Golfo. Desta forma, o negócio da empresa nos seis estados d Conselho passará a ser detido totalmente pela YNAP.
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