19 agosto 2022 21:25

Pedro Sánchez, presidente do Governo de Espanha
A sua entrada ao serviço duplicaria a capacidade de fornecimento de GNL à UE a partir da maior plataforma de refinação do continente
19 agosto 2022 21:25
Espanha está disposta a impulsionar o final das obras de construção do gasoduto Midcat, que uniria a Península Ibérica e França através dos Pirenéus Orientais e implicaria um importante reforço para o abastecimento de GNL (gás natural liquefeito) à Europa comunitária. Essas obras ficaram paralisadas em 2019, quando os Governos de Paris e de Madrid concordaram na escassa rentabilidade do projeto e nos seus altos custos. Eram também outras as circunstâncias: Putin não havia desencadeado a guerra da Rússia contra a Ucrânia nem tinha convertido o gás que o seu país produz em mais um elemento de pressão bélica. Agora a Alemanha enfrenta sérias dificuldades para a chegada de gás russo em quantidades suficientes para poder passar o inverno sem frio e sem paragens industriais e está a patrocinar qualquer iniciativa que resolva a sua extraordinária dependência energética dos fornecimentos russos. O Midcat é uma delas.
A capacidade das infraestruturas espanholas para receber, armazenar e refinar gás liquefeito é neste momento a maior da Europa. Seis instalações industriais em pleno funcionamento (La Coruña, Bilbau, Barcelona, Valência, Múrcia e Huelva), mais outra prestes a entrar ao serviço (Gijón, nas Astúrias), asseguram o tratamento de 60 bcm (milhares de milhões de metros cúbicos) anuais deste combustível. Portugal também dispõe de uma importante rede regasificadora. No entanto, as interconexões entre a Península Ibérica e o resto do continente europeu são muito escassas, devido sobretudo ao desinteresse de França em fomentar estas infraestruturas: apenas se podem bombear 7 bcm anuais através dos dois gasodutos existentes, ambos com origem no País Basco. A entrada ao serviço do Midcat viria duplicar essa quantidade e insuflar mais 7,5 bcm por ano na rede comunitária. O gás poderia proceder de fornecedores alternativos, como os Estados Unidos e os países do Próximo Oriente.