Economia

Scholz pressiona construção de gasoduto a partir de Portugal para acabar com dependência energética da Rússia

Nord Stream 2, um gasoduto nado-morto
Nord Stream 2, um gasoduto nado-morto
picture alliance/Getty Images

O chanceler alemão adiantou ter já recolhido recetividade sobre o projeto da construção do novo gasoduto junto de autoridades que sondou em Portugal, Espanha e França, além da Comissão Europeia em Bruxelas

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, defendeu esta quinta-feira (11), em Berlim, a construção de um novo gasoduto a partir de Portugal, passando por Espanha e França até à Europa Central, para eliminar a dependência europeia de gás da Rússia, noticia a agência Reuters.

Scholz adiantou ter encontrado recetividade sobre o projeto da construção do novo gasoduto junto de autoridades que sondou em Portugal, Espanha e França, além da Comissão Europeia em Bruxelas - já que a existência de ligações com o norte de África ajudaria a diversificar o fornecimento.

Na conferência de imprensa desta quinta-feira, o chanceler da Alemanha frisou que um gasoduto europeu a partir de Portugal "aliviaria enormemente a situação atual de fornecimento" do gás russo.

Scholz lamentou que essa ligação ainda não tenha sido construída, porque agora permitiria dar uma "contribuição maciça" para o abastecimento no norte da Europa, devido à crise energética que surgiu após a guerra na Ucrânia.

Um gasoduto a partir de Portugal para o centro da Europa "resolveria os problemas atuais", acrescentou o chanceler alemão, que destacou os esforços do seu governo para reduzir a dependência energética em relação à Rússia e admitiu que os anteriores não consideraram essa possibilidade.

"Todos os governos, todas as empresas devem ter em conta que as situações podem mudar e preparar-se para se isso acontecer", disse Scholz, depois de reconhecer que a atual coligação governamental (sociais-democratas, Verdes e liberais) foi "surpreendida" pela falta de alternativas a uma possível redução no abastecimento de gás russo.

Apesar dessa situação, o dirigente alemão salientou que se conseguiu "em tempo recorde" procurar alternativas para garantir o fornecimento de gás no próximo inverno, mas admitiu que "será mais caro".

Depósitos de gás na Alemanha em mínimos

Os depósitos de gás da Alemanha estão neste momento a cerca de 75% da sua capacidade, de acordo com os últimos dados da Agência Federal de Redes (Bundesnetzagentur). Este nível devia ser alcançado apenas no próximo dia 1 de setembro, de acordo com os objetivos definidos pelo governo.

O executivo alemão tinha definido como objetivo que os depósitos atingissem 75% da sua capacidade no dia 1 de setembro, subindo para 85% em 1 de outubro e para 95% em 01 de novembro, o nível suficiente para garantir o abastecimento durante todo o inverno.

Essa evolução, depende, no entanto, da continuação de fornecimento de gás russo através do gasoduto Nord Stream.

O grupo russo Gazprom interrompeu totalmente o fornecimento em meados de julho, alegando a necessidade de tarefas de manutenção. Quando foi reestabelecido o serviço, o volume baixou para 20% da sua capacidade, face aos 40% que se registavam anteriormente.

Na coligação governamental alemã existem atualmente divergências em relação à possibilidade de se adiar o fim das últimas três centrais nucleares ainda em serviço e que deviam deixar de funcionar até finais deste ano.

Os Verdes têm recusado essa possibilidade, sem, no entanto, a afastarem completamente.

Os liberais propõem que isso seja adiado para 2024 e defendem a reativação, caso seja necessário, de uma outra central que ficou fora serviço no ano passado.

Atualmente as três centrais nucleares que ainda operam permitem 6% do fornecimento de eletricidade.

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