“Não queremos declarar vitoria sobre a inflação”. Fed admite voltar a subir juros em 0,75%
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Presidente da Reserva Federal de São Francisco diz que o país ainda está muito longe de poder sossegar com a inflação. Não descarta nova subida nos juros de 0,75% em setembro, mas tudo está em aberto
Esta quarta-feira, os dados da inflação nos Estados Unidos surpreenderam pela positiva mas não acalmaram os banqueiros centrais. Apesar de o ritmo de crescimento dos preços ter abrandado em julho, a Reserva Federal não descarta uma nova subida dos juros em 0,75% já em setembro. A concretizar-se, será a quinta subida de juros este ano e a terceira em 75 pontos base.
Esta quarta-feira, as autoridades estatísticas anunciaram que a taxa de inflação anual dos Estados Unidos da América caiu para os 8,5% em julho, abrandando face aos 9,1% registados em junho. O abrandamento dos preços era esperado, mas foi mais pronunciado, tendo sinalizado boas perspetivas sobre a evolução da inflação no futuro. Contudo, numa entrevista ao Financial Times, Mary Daly, presidente da Fed em São Franscisco, não se mostrou otimista.
“Os dados mensais trazem boas notícias, os consumidores e empresas estão a receber algum alívio. Mas a inflação continua muito alta e não está perto de nossa meta de estabilidade de preços”, disse a responsável. É que os preços “centrais” – que excluem bens e serviços como a energia e alimentação (a chamada inflação subjacente) – subiram mais, sublinha a banqueira central.
“É por isso que não queremos declarar vitória sobre a queda da inflação”. “Ainda não estamos perto do fim” do controlo da inflação, explicou.
Com um ambiente económico muito incerto, será preciso esperar por setembro para analisar novos indicadores, como os do mercado de trabalho, para decidir se se abranda ou não o ritmo de subida dos juros.
Por isso, não é de descartar que, na próxima reunião de setembro a Fed volte a anunciar uma subida dos juros em 75 pontos base. A concretizar-se, será a quinta subida desde o início de março e a terceira em que a taxa de referência sobe forma tão acentuada.
A economia norte-americana está recuar há dois trimestres consecutivos (- 1,6% e -0,9% em termos homólogos) e, embora as autoridades e alguns economistas rejeitem que já tenha entrado tecnicamente em recessão, admitem que ela está perto.
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