Economia

Fed e Banco do Canadá lideram subidas de juros no G7

A Reserva Federal norte-americana lidera o aperto da política monetária nas economias do G7
A Reserva Federal norte-americana lidera o aperto da política monetária nas economias do G7

Os bancos centrais dos Estados Unidos e do Canadá registam, este ano, as maiores subidas das taxas diretoras no G7. No grupo das grandes economias do mundo, o G20, a liderança cabe à Argentina e ao Brasil. À escala mundial, o Zimbabué bate todos os recordes, com um aumento de 140 pontos percentuais (14000 pontos-base)

O movimento de aperto da política monetária não abrandou na primeira semana de agosto. O mês começou com seis subidas de taxas diretoras de bancos centrais, destacando-se a Austrália, o Reino Unido, o Brasil e a Índia com aumentos de meio ponto percentual (50 pontos-base). Também a Arménia aumentou a taxa diretora em meio ponto percentual e a Albânia em um quarto de ponto percentual (25 pontos-base).

O Banco de Inglaterra prevê que a inflação chegue aos 13% no último trimestre do ano, não tencionando abrandar o aperto monetário, mas o Banco Central do Brasil sinalizou que poderá travar o ciclo de subida da Selic (a taxa de referência) que já se situa em 13,75%.

Desde o início do ano, 71 bancos centrais já decidiram subir os juros 234 vezes.

Os líderes mundiais no aperto monetário

A liderança mundial no aperto da política monetária cabe ao Zimbabué, que subiu a taxa diretora de 60% para 200%, um aumento estratosférico de 140 pontos percentuais, o equivalente a 14000 pontos-base (na métrica usualmente utilizada na comunicação dos bancos centrais).

No âmbito do G7, o destaque vai para a Reserva Federal (Fed) norte-americana com um aumento das taxas em 2,25 pontos percentuais (225 pontos-base) e para o Banco do Canadá com uma subida de 2 pontos percentuais (200 pontos-base). Em contraste, o Banco Central Europeu (BCE), que abrange 19 economias da União Europeia, subiu a taxa diretora em apenas meio ponto percentual (50 pontos-base) e apenas uma vez, em julho.

Entre as 20 grandes economias do mundo - desenvolvidas e emergentes -, os bancos centrais da Argentina e Brasil destacam-se, com aumentos de 22 e 4,5 pontos percentuais respetivamente. Depois do Zimbabué, a Argentina regista a segunda maior taxa do mundo, estando em 60%.

BCE com a quarta taxa de juro mais baixa nas economias desenvolvidas

Com o aumento decidido na reunião de julho, o BCE subiu a taxa diretora para 0,5%. Abaixo encontra-se, em terreno negativo, a Suíça (que subiu o juro para -0,25%), a Dinamarca (que o aumentou para -0,1%) e o Japão (que conserva -0,1% desde 2016). Se incluirmos toda a União Europeia, apenas a Bulgária mantém uma taxa diretora inferior, de zero, desde 2016.

A distância, medida em pontos percentuais, do aperto monetário entre a Zona Euro e outras economias desenvolvidas é significativa: a Islândia já subiu 2,75 pontos percentuais, os EUA 2,25, o Canadá 2, a Austrália 1,75, a Nova Zelândia 1,75, a Coreia do Sul e o Reino Unido 1,25. Mesmo a Suécia e a Noruega já aumentaram as taxas em 0,75 pontos percentuais desde início do ano.

Ainda este mês, os bancos centrais da Nova Zelândia, Noruega, Islândia e Coreia do Sul tomam decisões. E, em setembro, alimentam grande expetativa as reuniões da Austrália, Canadá, Zona Euro, Reino Unido, Estados Unidos e Japão.

As reuniões do BCE e da Fed em setembro destacam-se pela dimensão da subida que poderá ser aprovada. Os mercados apontam para a repetição de uma subida de 50 pontos-base (meio ponto percentual) no caso do BCE e para a possibilidade de uma terceira subida de 75 pontos-base (0,75 pontos percentuais) no caso da Fed. O agravamento da situação geopolítica mundial (com a crise no estreito da Formosa a juntar-se ao expansionismo russo) e alguns sinais de contração económica (nomeadamente o recuo do PIB nos Estados Unidos nos dois primeiros trimestres do ano) poderá exigir alguma travagem no aperto monetário.

A reunião em setembro do Banco do Japão mantém, também, alguma expectativa, pois desde 2016 que Tóquio não mexe na taxa negativa de -0,1%, com a equipa de Haruhiko Kuroda a resistir à vaga mundial de aperto da política monetária. A inflação nipónica continua num nível baixo em relação às restantes economias desenvolvidas, apesar de estar a subir desde início do ano (quando estava em 0,5%). Em junho registava 2,4%, o que comparava, então, com 8,6% para a zona euro e 9,1% para os EUA.

Aperto severo nos emergentes fora do euro

A Hungria, Polónia e Chéquia são economias ainda consideradas mercados emergentes, apesar de membros da União Europeia, e estão fora do euro, mantendo as moedas nacionais.

Estas três economias têm apertado severamente a política monetária. A Hungria lidera com uma subida, este ano, de 8,35 pontos percentuais (835 pontos-base), a mais alta na União Europeia. A Polónia subiu quase cinco pontos percentuais (475 pontos base) e a Chéquia aumentou 3,25 pontos percentuais (325 pontos-base).

Em julho, a Hungria aumentou duas vezes a taxa de juro e, desde início do ano, é, à escala mundial, o país com mais decisões de subida dos juros pelo banco central.

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