Está confirmada a forte recuperação da economia portuguesa no segundo trimestre deste ano. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 15,5% por comparação com o mesmo período do ano, indica a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicada esta sexta-feira. Em termos homólogos, é o crescimento mais expressivo da economia portuguesa desde, pelo menos, 1978.
Além disso, é um valor acima da média das projeções dos economistas ouvidos pelo Expresso, que apontava para um crescimento de 15,2% em termos homólogos.
Já na variação em cadeia, ou seja, em relação aos primeiros três meses do ano, o PIB cresceu 4,9% no segundo trimestre, o segundo melhor registo da história da democracia portuguesa.
A que se deve este forte crescimento da economia portuguesa no segundo trimestre deste ano? O INE ainda não dá detalhes, que só serão divulgados no final de agosto, mas já deixa pistas importantes.
Analisando a variação homóloga do PIB, o INE começa por destacar que "esta evolução é influenciada por um efeito base, uma vez que as restrições sobre a atividade económica em consequência da pandemia se fizeram sentir de forma mais intensa nos primeiros dois meses do segundo trimestre de 2020, conduzindo então a uma contração sem precedente da atividade económica". Recorde-se que nessa altura o PIB caiu 16,4% em termos homólogos e 14% em cadeia.
A autoridade estatística nacional aponta ainda que "o contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do PIB acentuou-se". Uma evolução que deverá ter sido impulsionada pela reabertura do país, após o segundo confinamento geral entre meados de janeiro e meados de março, para travar a pandemia de covid-19.
Ao mesmo tempo, "o contributo da procura externa líquida foi menos negativo no 2º trimestre, traduzindo sobretudo o aumento mais significativo das Exportações de Bens", indica o INE. A propósito da vertente externa, o INE aponta que no segundo trimestre deste ano, em termos homólogos, se registou uma perda nos termos de troca, "tendo o comportamento do deflator das importações sido influenciado, em larga medida, pelo crescimento pronunciado dos preços dos produtos energéticos".
Quanto à evolução da economia portuguesa entre março e junho por comparação com os primeiros três meses deste ano, o INE salienta que o crescimento de 4,9% mais do que compensa a variação em cadeia negativa (-3,2%) observada no primeiro trimestre.
Também aqui há um efeito de base importante, aponta o INE: "Note-se que, no início do ano, se verificou um confinamento geral devido ao agravamento da pandemia, seguindo-se um plano de reabertura gradual a partir de meados de março". Este resultado "traduziu, em larga medida, o contributo positivo expressivo da procura interna para a variação em cadeia do PIB, após ter sido negativo no primeiro trimestre", salienta o INE.
Embora em menor grau, o crescimento em cadeia do PIB no segundo trimestre, "refletiu ainda um contributo da procura externa líquida menos negativo".
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