14 maio 2021 18:16

Luís Filipe Vieira esteve cinco horas na audição da comissão de inquérito
antónio cotrim
A Imosteps, com terrenos e cemitérios no Brasil, está no vermelho desde 2015. Em 2014 pagava viagem de jato ao Rio. Dívida vendida com 90% de desconto acabou nas mãos do “rei dos frangos”
14 maio 2021 18:16
No menu a bordo do jato Global 6000 da Bombardier, que partiu de Lisboa para o Rio de Janeiro e daí para Cabo Frio e Recife, havia bacalhau, frango assado e bife grelhado, e, para adoçar a refeição, brigadeiros, pudim, mousse de maracujá e bolo de cenoura. A comitiva de uma dezena de pessoas incluía Luís Filipe Vieira, o filho Tiago (que liderava a gestão dos negócios) e o sócio Almerindo Duarte. A viagem, em outubro de 2014, custaria à Imosteps mais de 200 mil dólares. Um mês depois, em novembro de 2014, o grupo Promovalor, fundado pelo presidente do Benfica, propunha à administração do Novo Banco uma reestruturação da sua dívida.
Luís Filipe Vieira frisou na sua audição na comissão de inquérito do Novo Banco que não usou financiamento do Banco Espírito Santo (BES) para comprar aviões e iates, ao contrário de outros grandes devedores. Mas não faltaram ao fundador da Promovalor viagens em jato privado, custeadas umas vezes pela Promovalor e outras pela Imosteps, empresa que acumulou uma dívida de €54,3 milhões ao Novo Banco (NB), que este vendeu por menos de 10% desse valor à Davidson Kempner. E que este fundo-abutre revendeu por €8 milhões a José António Santos, sócio de Vieira em duas empresas imobiliárias em Portugal e maior acionista individual da Benfica SAD.