Economia

Google, Apple e Microsoft acusadas de lucrar com trabalho infantil e cumplicidade na morte e ferimento de crianças

17 dezembro 2019 10:31

thomas peter/reuteres

Os três gigantes tecnológicos estão entre os arguidos, num processo que envolve várias multinacionais, acusadas de cumplicidade na morte e ferimentos graves de várias crianças enquanto trabalhavam em minas de cobalto na República Democrática do Congo, avança uma investigação do jornal Guardian

17 dezembro 2019 10:31

O processo pode ter implicações profundas no ecossistema tecnológico mundial. Apple, Google, Dell, Microsoft e Tesla foram constituídas arguidas num processo movido pela associação de Direitos Humanos, Intyernational Rights Advocates, em nome das 14 famílias e crianças da República Democrática do Congo (RD Congo), que foram feridas ou mortas enquanto trabalhavam em minas locais, na extração de cobalto, revela o Guardian.

Os cinco gigantes tecnológicos foram identificados como clientes de empresas que usavam crianças para trabalhar nas minas de cobalto. O mineral, que é um componente essencial das baterias de lítio utilizadas em smartphones, tablets, computadores portáteis e veículos elétricos, provém maioritariamente (60%) do sudeste da RD Congo e tem vindo a registar uma forte procura nos últimos anos, acompanhando o desenvolvimento da tecnologia.

"O boom tecnológico intensificou a procura de cobalto por parte das empresas", explica a International Rights Advocates, respresentante das famílias. A associação acrescenta que um número crescente de tecnológicas recorre a empresas locais de extração para a obtenção da componente e explica que "o cobalto é minerado na RD Congo em condições extremamente perigosas, por crianças pagas a um ou dois dólares (€0,90 a €1,79) por dia". Derrocadas no túneis das minas são frequentes, causando mortes ou incapacidades permanentes nos trabalhadores, maioritariamente crianças congolesas.

A acusação refere duas empresas proprietárias das minas onde trabalhavam as vítimas, a chinesa Zhejiang Huayou Cobalt e a britânica Glencore. Esta última escoava parte da sua produção para uma terceira empresa, a Umicore que, por sua vez, fornecia o minério aos gigantes tecnológicos que agora estão a ser acusados de cumplicidade na morte e ferimento grave de várias crianças congolesas.