Economia

Altice vende metade da rede e sindicato diz que interesses dos trabalhadores e do país não foram salvaguardados

Patrick Drahi, presidente da Altice, e Armando Pereira, o acionista português
Patrick Drahi, presidente da Altice, e Armando Pereira, o acionista português
rui duarte silva

A Morgan Stanley comprou 49,9% da rede de fibra ótica da Altice, antiga Portugal Telecom, por, pelo menos, €1,565 mil milhões. O sindicato queixa-se de não terem sido respeitados os interesses dos trabalhadores e dos cidadãos enquanto clientes

Altice vende metade da rede e sindicato diz que interesses dos trabalhadores e do país não foram salvaguardados

Anabela Campos

Jornalista

O negócio da venda da fibra ótica à Morgan Stanley deverá estar concluído no primeiro semestre de 2020, anunciou esta sexta-feira a Altice Europa. O Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Altice em Portugal (STPT), em comunicado, critica o negócio.

O grupo de Patrick Drahi tem estado a vender infraestruturas, nomeadamente em Portugal. Em 2018 alienou parte das torres de telecomunicações e do lado comprador esteve também a Morgan Stanley, embora neste negócio associada ao fundo de investimento de António Pires de Lima e Sérgio Monteiro.

A Altice vendeu 49,9% rede de fibra ótica da Altice por, pelo menos, €1,565 mil milhões, negócio que avalia a empresa em 4,63 mil milhões de euros. A empresa prevê um encaixe de 1,565 mil milhões de euros em 2020, mas a operação pode chegar aos 2,315 mil milhões se a nova empresa tiver um bom desempenho financeiro. Assim, a Altice pode receber mais 375 milhões de euros em dezembro de 2021 e outro tanto em dezembro de 2026.

"Estou muito satisfeito com a parceria com a Morgan Stanley Infrastructure Partners", afirmou no comunicado o fundador da Altice Europa, Patrick Drahi. Com este negócio, e a venda das torres em França e Portugal, a Altice Europa já garantiu um encaixe superior a 5,7 mil milhões de euros.

"Esta transação fantástica com os nossos parceiros de longa data da Morgan Stanley Infrastructure Partners vai acelerar a desalavancagem do grupo”, acrescentou Patrick Drahi, justificando que o negócio vai “abrir caminho para operações de refinanciamento significativas em 2020, o que vai permitir acelerar o programa de redução de juros da dívida”.

Quem bate palmas ao negócio é a concorrência

O STPT considera que esta venda não salvaguardou os interesses dos trabalhadores nem dos cidadãos, enquanto potenciais clientes. “Se nesta estratégia a Comissão Executiva pretender um encaixe financeiro imediato, percebe-se a intenção, embora faltando os motivos. Já a mesma decisão não se entende quando está em causa o interesse e perspetiva do cidadão enquanto potencial cliente”, lê-se num comunicado enviado às redações.

O sindicato defende que “quanto mais o trabalho se distancia das empresas principais, maior tende a ser a sua precarização”. “Se alguém neste momento bate palmas a esta decisão são empresas concorrentes, que passaram a ter à sua disponibilidade a utilização da rede sem qualquer investimento”, acrescentou.

Sabendo que a venda de fibra ótica “está consumada”, o STPT lamentou a decisão e apelou para que a Comissão Executiva “reflita” sobre a estratégia para a empresa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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