Festival Internacional de Cinema de Berlim

Miguel Gomes fala sobre "Tabu"

16 fevereiro 2012 22:21

Rui Martins, em Berlim

Os aplausos ao filme em Berlim podem ser um bom pressário ao filme Tabu, de Miguel Gomes.

festival de berlim

Cineasta Miguel Gomes, na entrevista coletiva no Festival de Cinema de Berlim, deu diversas explicações sobre seu filme "Tabu", bem recebido pela crítica.

16 fevereiro 2012 22:21

Rui Martins, em Berlim

Frases oproferidas por Miguel Gomes durante a conferência de imprensa coletiva presente no Festival de Cinema de Berlim:

"Ao fazer o filme, tive vontade de dialogar com a memória do cinema clássico, com o cinema mudo."

"O filme começa com um tipo de explorador como Livingstone, mas português, no século XIX, que é comido por um crocodilo."

"A ideia era começar o filme com uma espécie de imaginário romântico quase extremo. Há um texto que acompanha essa história, que está escrito de uma forma quase barroca. Esse romantismo, logo no início, é quase caricatural."

"Começou com uma história que me foi contada por alguém de minha família sobre queixas de uma empregada de seu prédio. Interessei-me por personagens mais velhas que não se veem mais no cinema, não tem um lado romanesco muito acentuado, no qual se trabalha o lado quotidiano, não há gestos romanescos e nem grandiloquentes no filme, mas não sei como acabei em África."

"Uma parte do filme tem a ver com a velhice, uma parte tem a ver com a juventude, outra parte tem a ver com a solidão. Uma parte tem a ver com a possibilidade do amor e de existir um casal."

"Sem precisar demonstrar que o colonialismo é uma coisa má. Existe memória disso, existe muita gente que regressou e viveu nas antigas colonias."

"Para preparar este filme eu conheci algumas pessoas que tinham uma banda em Moçambique e que me falaram da forma como estavam efetivamente ligados àquela terra. E diziam coisas com as quais eu politicamente estava completamente afastado e não tenho qualquer tipo de cumplicidade com isso."

"Mas ao mesmo tempo havia uma verdade emocional, na forma como eles descreviam o tempo que tinham passado em Moçambique e as coisas que tinham feito. E eu percebi que esse lado afetivo que, independentemente do sítio onde viviam e do regime político, estava muito ligado com a juventude."