24 setembro 2007 20:32
Portugal já fez tudo o que havia para fazer de bom neste mundial de râguebi. Só falta uma coisa: ganhar terça-feira à Roménia.
24 setembro 2007 20:32
"Se não acreditasse em coisas impossíveis, não estaria agora, aqui em França, a falar convosco". Foi nestes termos que o seleccionador nacional, Tomaz Morais, comentou para os jornalistas a possibilidade de se abrir, a partir de amanhã, uma nova etapa para o râguebi português. No plano imediato, uma eventual vitória sobre a Roménia (terça-feira, 19h, Sport TV) seria, como referiu o decano dos seleccionados, Joaquim Ferreira, "a cereja em cima do bolo". No médio e longo prazo, ganha-se ou perca-se o jogo, Tomaz Morais realça que amanhã se fecha "um ciclo de muitos anos que culminou com a participação neste Mundial, começando, de imediato, um outro". Levá-lo a cabo com sucesso pressupõe duas coisas: que se mantenham para os atletas "condições semelhantes às dos últimos quatro meses" (compensação das horas de trabalho dedicadas aos jogos e treinos) e que se crie um centro de treino, "pois vai ser preciso lançar muitos jogadores dos escalões de sub-18 e sub-20 na alta competição".
Por muito que se pense nos dias que hão-de vir, aqui em Toulouse, o futuro é já amanhã. O treino de adaptação ao relvado do estádio decorreu já num ambiente digno de uma pré-final: jogadores e equipa técnica longamente abraçados em círculo, ganhando forças para um embate que se adivinha duríssimo. As estatísticas são tudo menos favoráveis a Portugal; uma única vitória desde sempre e, ainda assim, pela diferença mínima. O mesmo se diga da rodagem dos adversários (os avançados romenos jogam quase todos no campeonato francês) ou da sua compleição física. Tomaz Morais resume: "a pressão e a obrigação de ganhar estão do lado deles e não do nosso".
Contudo, uma coisa são as estatísticas e as previsões e outra, a realidade que, às vezes, desafia o cálculo das probabilidades. Reconhecendo, embora, o poder físico dos contrários, o médio-centro Miguel Portela contrapõe-lhe "a coragem e o orgulho de ser português", materializados numa coisa: "não falhar placagens". O médio de formação, Luis Pissarra, por seu lado, admite que o facto de Portugal ter um jogo a mais, "até nos pode dar mais pernas que eles". Paulo Murinello, terceira linha, poupado no jogo contra a Itália, pensa que "o jogo de amanhã requer uma coisa que é quase impossível: perfeição a defender e a atacar". Tomaz Morais sintetiza tudo numa fórmula: "atacar como contra a Escócia, defender como contra a Itália e ter a mesma coragem que contra a Nova Zelândia". Com o até agora capitão, Vasco Uva, lesionado, a responsabilidade passa para o mais antigo dos jogadores presentes, o pilar, Joaquim Ferreira, que depois do jogo de amanhã se retira da modalidade, aos 34 anos. O médio-centro Diogo Mateus, pedra-chave lesionada durante a partida com a Itália, não está a cem por cento mas sentar-se-á no banco dos suplentes, podendo ser, muito provalmente, utilizado.
Com o estádio esgotado (mais de 30.000 espectadores) espera-se uma forte falange de apoio, nomeadamente dos portugueses radicados na região de Bordéus.