O frio é o melhor amigo?

Com o novo ano, o salário mínimo subiu para os 450 euros. O repórter do Expresso Hugo Franco vai contar diariamente como é viver com este dinheiro. Não é comum o jornalista tornar-se notícia. Mas abrimos uma excepção...

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A vaga de frio que varre o país nos últimos dias desmotiva qualquer um a sair de casa. O que, à primeira vista, nem parece ser mau de todo para quem tem pouco dinheiro para gastar.

Quem tem vontade de ir ao cinema à noite, ou ir beber um café com os amigos, quando os termómetros estão próximos do zero? Não é por acaso que os pequenos comerciantes se queixam da crescente falta de clientes (e não é só devido à crise).

Ficar sentado no sofá da sala a ver séries na televisão não é de todo uma má opção. Sempre é mais barato do que nos metermos num transporte público para ir ao centro da cidade. E para quê, se mal conseguimos tirar a cabeça debaixo do cachecol?

Mas o frio entranha-se não só quando passeamos na rua com o cão ou vamos às compras no supermercado mais próximo. A grande maioria das casas portuguesas, contruídas a pensar apenas no tempo ameno do Verão e da Primavera, estão, como todos sabemos, mal isoladas. E deixam entrar o Inverno rigoroso por ali adentro, sem ele ser convidado.

Não há um amigo, conhecido ou familiar que não se queixe das noites mal dormidas devido ao frio ou das tardes em que não conseguem tirar o casaco dentro de casa.

Solução fácil? Usar e abusar dos aquecedores para tentar contornar o desconforto. É aqui que entram os chamados gastos-fantasmas.

Podemos evitar mais facilmente as aventuras fora de portas. Mas basta colocarmos o botão de um aquecedor no 'on' para que uma grande fatia de um salário desapareça. E pior, sem que nos demos conta disso.

É que quando chega a factura mensal da electricidade, água e gás, pode ser tarde para inverter o rumo dos aconteciementos.

Nesta última semana a viver com o salário mínimo, estou a tentar ao máximo não ligar os meus dois pequenos aquecedores. Até ao momento, só o fiz por duas vezes. Muito menos do que as que realmente gostaria de ter feito. Ainda bem que existem as mantas polares...