ARQUIVO Um país com quilómetros de histórias

Como os anos de casamento já vão longos, estes momentos sensuais são sempre bons e necessários

25 julho 2014 2:32

Bernardo Mendonça e Tiago Miranda

Em Olhão, fomos a uma das sociedades recreativas mais antigas do país e apanhámos o ensaio de uma aula de dança oriental. Vimos brilho e observámos sensualidade. Dois repórteres do Expresso partiram numa viagem que os levará de norte a sul de Portugal. Estão a narrar diariamente o mais inesperado que se encontra pelo país fora.

25 julho 2014 2:32

Bernardo Mendonça e Tiago Miranda

Dia #8 na estrada.

Saímos de Quarteira em direcção a Olhão, cidade de pescaria e o maior porto do Algarve. Antes do jantar fomos conhecer a Sociedade Recreativa Olhanense, que representa um bom bocado do passado e dos contrastes que coexistiam na terra. Fundada a 20 de Março de 1858, esta sociedade foi a primeira das agremiações no Algarve e a quarta mais antiga de Portugal, onde só a mais fina flor da sociedade local tinha entrada. "Era a associação dos colarinhos brancos", explica um dos responsáveis. Foi-nos contado que o sistema de admissão era por voto de bola branca e bola negra e bastava o aparecimento de uma única bola negra para a não admissão do candidato a sócio.

Mas alto e para o baile: ouvimos música numa das salas e espreitámos. Estava a começar uma aula de dança oriental dirigida por Denise Carvalho, uma graciosa bailarina de 34 anos. Mulheres e meninas de várias idades agitavam panos coloridos prontas a dançar. E, de um momento para o outro, um arco íris de sensualidade tomou conta daquele edifício. Registámos o momento "mil e uma noites" em vídeo e foi um gosto. Denise prefere trocar o adjectivo "sensual" para "hipnotizante" e "feminino". Conta-nos que foi a dança que a escolheu. "Um dia descobri que sofria de febre reumática, uma doença articular. Procurei uma actividade física não agressiva e acabei apaixonada pelas danças orientais." Hoje, Denise é bailarina profissional no Ballet Internacional Munique Neith e do grupo "Samirah". "Esta dança faz muito pelo corpo e pela autoestima da mulher. Já tive alunas enviadas por psicólogos para tratarem problemas de anorexia ou gaguez."

Anisabel Pedro, de 42 anos, está há sete a aprender estas danças do oriente e já mexe o corpo com os predicados certos. Confessou que já o fez em privado para o companheiro. "Apenas por brincadeira. Ele gostou. Está proibido de não gostar." Ao lado, Cristina Santos, de 48, assistente operacional de uma escola, descose-se mais. "Danço assim de vez em quando para o meu marido. Quando ele pede e eu estou disposta a dançar. Como os anos de casamento já vão longos, estes momentos sensuais são sempre bons e necessários".

VEJA AQUIO DOSSIER COM TODOS OS ARTIGOS - E ADICIONE-O AOS SEUS FAVORITOS