2 fevereiro 2008 0:00
Ricardo Salgado está preocupado com a crise do "subprime" mas aliviado porque o banco não foi afectado. O presidente do BES considera a crise profunda mas ciclíca e mantém as metas de crescimento do banco.
2 fevereiro 2008 0:00
O ano passado foi marcado por forte turbulência no sector financeiro, em Portugal, a crise do BCP, e a nível internacional, nos Estados Unidos, a crise do crédito imobiliário de alto risco ("subprime"), com grandes bancos a apresentarem prejuízos muito elevados. Como é que o BES se portou?
O ano de 2007 foi um ano recorde para o BES. Ainda não vimos os resultados de todos os bancos portugueses, mas acho que posso dizer que os nossos foram bastante razoáveis. Nunca tínhamos atingido um nível de resultados desta envergadura, fortemente construídos durante o primeiro semestre. No segundo, com o desencadear da crise do "subprime", os resultados não foram tão brilhantes, mas foram bastante bons em comparação com o mercado internacional e também nacional. Os nossos resultados chegaram a 607,1 milhões de euros, um crescimento de 44, 3%. Mas de facto está instalada uma crise no sector financeiro que começou com o "subprime" nos Estados Unidos e deu origem a uma escassez de liquidez nos mercados internacionais ("credit crunch").
Isso preocupa-o, naturalmente...
Com certeza. Todos os bancos na Europa e nos Estados Unidos devem estar preocupados. Também por isso considero que tivemos uma grande vitória. Não vi os nossos analistas darem importância ao facto de termos liquidado na sexta-feira da semana passada uma emissão de obrigações hipotecárias que foi colocada no mercado europeu com 20 pontos base, no valor de 1,25 mil milhões de euros, que foi subscrita em excesso (1,9 mil milhões de euros). Fomos o único banco ibérico que conseguiu fazer uma emissão desta natureza e talvez dos poucos europeus que o conseguiu fazer. Isto significa que existe uma grande confiança no BES.
Como é que explica a obtenção desses resultados recorde?
Ganhámos 155 mil novos clientes, o que é expressivo para o mercado português, e passámos a trabalhar com mais 900 empresas. Continuamos a ganhar quota de mercado em Portugal: no final de 2006 estava, em termos médios, nos 19%, e devemos ter atingido 20,4% em 2007, de acordo com dados preliminares. Além disso, o BES está desde longa data bem estabelecido em mercados emergentes como o Brasil e Angola. E uma das características desta crise é o facto de os mercados emergentes não terem sido tão afectados como os Estados Unidos e a Europa. Só recentemente é que a crise se propagou ao mercado de acções e se assistiu a uma correcção dos mercados também na Ásia. Mas até agora os mercados emergentes, nomeadamente os países asiáticos, da América Latina e também Angola continuam a beneficiar de um período de desenvolvimento extraordinário. A nossa boa implantação no Brasil e em Angola repercutiu naturalmente os nossos resultados. Na área internacional atingimos resultados de 141,5 milhões de euros, o que também é um nível recorde e representa 23% dos nossos resultados. Não posso estar mais satisfeito com o desempenho da equipa do BES.
Quer dizer que a crise internacional não teve impactos significativos no BES?
A crise do "subprime" tem origem nos Estados Unidos e resulta dos excessos que foram cometidos na concessão de crédito à habitação naquele país. Os corretores imobiliários, que não têm tutela bancária, fizeram maus créditos que foram empacotados e vendidos a outras instituições. Alguns dos maiores grupos norte-americanos compraram a esses corretores e venderam esses créditos pela Europa fora e também na China. Nós em Portugal não fizemos nem participámos em operações desse tipo. A crise do "subprime", strictu sensu, não nos afectou. Mas foi criado um problema de confiança que se traduziu numa escassez grande de liquidez e por isso os bancos portugueses, como todos os bancos europeus e também os americanos, foram particularmente afectados. A crise de liquidez é de tal ordem que os bancos americanos que se tiveram de se recapitalizar tiveram de ir buscar fundos à Ásia e ao Médio Oriente, onde existe uma grande acumulação de capital.
A dimensão desta crise surpreende-o?
Surpreende. Estou no sector bancário há mais de 40 anos e nunca vi uma crise como esta, em que o elemento fulcral tem origem no sector bancário. Assisti a algumas crises significativas. Por exemplo, estava no Brasil no final dos anos 70 e princípio dos anos 80 quando eclodiu a célebre crise dos petrodólares que se traduziu na falência dos países da América Latina, que depois se repercutiu nos bancos, nomeadamente nos dos Estados Unidos, que tiveram grandes dificuldades e alguns até desapareceram pois foram integrados noutros. Um banco que sofreu particularmente nessa altura foi o Citibank, cujas acções desceram significativamente tendo depois sido compradas pelo célebre príncipe Al-aweed da Arábia Saudita, que ainda hoje é um grande accionista. Em certa medida a história hoje repete-se.
O que pensa que pode ser feito para atenuar esta crise?
Eu diria que esta é uma crise única, profunda, mas acredito que faça parte das crises cíclicas. Temos de deixar passar algum tempo para haver alguma tranquilidade. Não tenho dúvidas de que os reguladores do sector bancário vão ter de conversar e melhorar as supervisões a nível global. Quando há faixas do mercado financeiro que ficam fora da supervisão por decisão dos reguladores, acontecem situações destas. Em Inglaterra o Financial Services Authority (FSA) não conseguiu evitar a corrida ao Northern Rock e o Banco de Inglaterra teve de intervir. O problema da supervisão bancária é muito complexo e é global e por isso acredito que vamos assistir nos próximos anos a uma alteração dos modelos de supervisão no sentido de apertar mais a regulamentação bancária. Todos nós teremos de nos submeter. Acredito que isso poderá dar mais tranquilidade aos sistemas financeiros.
Perante este cenário, vão rever as metas financeiras que anunciaram entre 2006 e 2009?
2008 é um ano difícil mas temo-nos habituado a trabalhar no BES com metas bastante desafiantes. A primeira metade de 2008 vai ser difícil mas não vamos alterar as nossas metas porque estamos a trabalhar muito bem em países emergentes onde o crescimento das economias é muito elevado, nomeadamente o Brasil e Angola. Acreditamos que alguma desaceleração que possa haver em Portugal - e que já deu sinais no crédito em Portugal e na Europa - poderá ser compensada pelo crescimento externo. Estamos a completar a nossa estratégia de internacionalização. Recentemente tomámos duas posições minoritárias. Estamos a tentar chegar a mercados onde tradicionalmente não trabalhamos, não alterando com isso a nossa estratégia tradicional de expansão em países com afinidades - o nosso triângulo virtuoso, com vértice na Península Ibérica, no Brasil e em Angola. Estamos a procurar chegar aos mercados emergentes através de parcerias, como é o caso do banco Evolution, onde tomámos 9,95% e que está presente em Hong Kong, onde não estamos, e através de plataformas electrónicas das mais avançadas, utilizando para isso o nosso banco electrónico, o BEST, em associação com o Saxo Bank, O Saxo Bank tem aquela que é considerada a melhor plataforma electrónica no mundo e que é muito forte na área dos câmbios, dos futuros, da bolsa, onde tomámos uma participação através da qual estamos a desenvolver uma parceria estratégica. Um banco electrónico, se estiver bem equipado, pode trabalhar com custos relativamente baixos em qualquer sítio. Assim evitamos investimentos maciços nos países que estão a acumular capital. A nível internacional a estratégia de fundo continua a mesma, continuamos fundamentalmente no eixo dos países afins mas queremos chegar a mercados onde se está a dar o grande crescimento e a acumulação de capital. O BEST, beneficiando da tal parceria poderá estender a sua capacidade operacional até ao Brasil, Médio Oriente e Ásia. Vejo ainda alguns políticos dizerem que estamos a atravessar uma época de grande concentração de capital em que há cada vez umas pessoas mais ricas e outras menos ricas. O que está a acontecer é ao nível dos países. Veja-se a situação da Índia e da China em que o desenvolvimento económico está a permitir-lhes acumular capitais a uma velocidade enorme. Também abrimos um pequeno banco de "private banking" no Dubai, que pertence à ESFG.
Estiveram há pouco tempo a olhar para potenciais aquisições em Espanha?
Tentámos comprar o banco Urquijo e tivemos propostas que andámos a estudar, mas há uma coisa que não fazemos: pagar valores irrealistas, em particular agora. Gostaríamos de ter participado em aquisições em Espanha, mas apesar da crise os bancos espanhóis continuam caríssimos.
Decidiram suspender investimentos por causa da crise?
Em períodos como este há que ser cauteloso, Caracterizamo-nos por uma grande prudência e por uma grande estabilidade. Costumo dizer que é difícil encontrar no sistema bancário português e até no sistema bancário ibérico um banco como o nosso. Apesar do dinamismo e criatividade, temos estabilidade accionista, estabilidade estratégica e consistência com os objectivos.
Há uns anos atrás, quando o BCP adquiriu o BPA, eu disse que não há grandes experiências no mundo de um banco pequeno comprar um banco maior e que havia que ser cauteloso sobre as conclusões. Isto foi mal interpretado e houve quem me acusasse de falta de ética. Veja-se agora o que aconteceu. O que quero dizer é que a estabilidade accionista e estratégica é fundamental.
Enquanto os outros vão crescendo por aquisições e fusões o BES vai trilhando sozinho o seu caminho...
Não sonham a quantidade de conselheiros que passaram por esta casa - desde bancos de investimento a empresas de consultoria - a propor fusões e aquisições, mostrando sempre uns quadros magníficos nos quais se via que se não fizéssemos uma fusão iríamos desaparecer. Nunca tivemos nada contra o que os outros andaram a fazer. Mas ao fim de alguns anos o mercado pode tirar as suas conclusões.
A distracção do BCP e o BPI que estiveram envolvidos em negociações para uma fusão, foi boa para o BES?
Sempre ganhámos com as fusões, ganhámos quota de mercado mais depressa quando as houve. As empresas são como as pessoas e é difícil juntar um conjunto de pessoas sem a mesma cultura. Mesmo que no papel e na matemática seja fácil fazer fusões, a realidade dos homens e das mulheres que trabalham nos bancos mostra que fusionar culturas é muito mais complicado. E daí que, quando há fusões, as pessoas ficam preocupadas, o que cria perturbações grandes.
Porque acha que a fusão BCP/ BPI não foi para a frente?
As fusões, à partida, não são benéficas, pois tem que haver alguns elementos de afinidade. Essa fusão poderia ser boa para o BES mas não era boa para o país. Reparem no que poderia ter sido uma fusão do BCP e BPI para o país neste momento e nestas circunstâncias.
Disse-se que o BES era a favor da fragmentação do BCP, ficando com parte dos seus activos, para evitar que ele fosse alvo de uma oferta hostil.
Houve alguém que se encarregou de falar por mim, ainda não descobri quem. O que disse foi que não fomos parte interessada na fusão e se estivéssemos interessados nalgumas partes do BCP tê-lo-íamos dito. O que disse também é que o BES é um banco com maioria de capital português, em que o centro de decisão está em Portugal, pelo que alguma coisa que pudesse beneficiar o país, o BES estudaria. Não disse que queria ficar com partes do BCP.
O que pensa de ter havido três administradores da Caixa Geral de Depósitos que passaram para a nova administração do BCP?
Nós banqueiros temos todos os dias transferências de quadros de uns bancos para os outros. Não há nada que impeça isso. Santos Ferreira vai ter muito com que se preocupar dentro do banco. O BCP não podia estar em melhores mãos. Santos Ferreira é antes demais um grande segurador o que faz dele um homem habituado a lidar com o risco.
Acredita que não houve interferências políticas na composição da nova administração do BCP?
Não acredito que os accionistas tivessem sido obrigados a aprovar esta gestão por quem quer que fosse. O BCP precisa de estabilidade para se virar para o futuro.
Fala-se que Armando Vara pode funcionar como comissário político...
Não faço comentários desse tipo. Carlos Santos Ferreira escolheu a equipa e escolheu bem. Este país vive muito de interpretações políticas.
O que se aprendeu com a crise no BCP, que durou nove meses?
Não sei o que se aprendeu nem o que se irá aprender. A história não está feita. Jardim Gonçalves ficará na história por ter feito do nada um grande banco. Para tirar conclusões apressadas não contem comigo. Há um inquérito em curso. Devemos esperar para ver o que aconteceu. Já vi coisas de que não gostei relatadas pelos media e pelos órgãos de supervisão. Como ainda não há conclusões definitivas, vamos esperar pela conclusão do inquérito.
Acha que este caso pode ter afectado todo o sistema financeiro português, internacionalmente considerado um sector de referência?
O sector financeiro é global e as crises não acontecem só em Portugal. As situações dos grandes bancos americanos são muito piores do que a situação do BCP.
Há quem diga que o próprio supervisor financeiro - o Banco de Portugal - ficou com uma imagem debilitada e que não há controlo efectivo sobre o que se passa.
Há uma coisa que me surpreende. Em todas estas crises que aconteceram no sector bancário internacional, não vi a área política ter a intervenção que está a ter em Portugal. Os bancos centrais são órgãos de rigor, com quadros técnicos valiosos. É mau para um país quando acontecem as coisas que estão a acontecer no nosso.
Acha necessário rever o modelo de supervisão?
Todos os reguladores fazem uma investigação apertada. O BdP é uma casa que respeito e que é rigorosa connosco. Isso posso assegurar. Temos um bom supervisor.
Como avalia o que aconteceu à Société Générale?
É uma situação perfeitamente anómala. Conheço muito bem a Société Générale (SG) e o seu presidente, que é um banqueiro de 20 valores. A SG é um banco fantástico em termos de controlo e compliance. Como é possível que aconteça uma coisa destas sem que o presidente soubesse? Eu não percebo e fico com medo.
O que falhou?
Tem a ver com o gigantismo das organizações. As empresas e os bancos, quanto mais crescem, mais difíceis são de gerir e de supervisionar. E por isso digo que é preciso ter cuidado com as aquisições e as fusões. Não estou a dizer que de repente os bancos devem ficar todos pequeninos. Mas dada a complexidade das operações bancárias, a regulação vai ter de fazer uma adaptação.
Tiveram algum pedido de informação do BdP desde que se começaram a levantar dúvidas sobre as "offshores"?
O BdP faz recorrentemente pedidos de informação ao BES. É uma coisa normal e rotineira.
Não teme que se passe a olhar para os bancos como se todos tivessem operações ilegais?
A situação do BCP pode prejudicar os bancos e o país e levar as pessoas a acreditar menos nos bancos.
Também o BES foi alvo de algumas investigações...
O BES tem passado por algumas experiências interessantes. Por exemplo, a operação Sueter, em Espanha. Fomos atacados por uma operação que não tínhamos feito e em 48 horas as nossas equipas estavam em condições de emitir os comprovativos de como não tínhamos feito as operações de que tínhamos sido acusados. Mas não conseguimos evitar aquele espectáculo terrível de ter televisões à porta das nossas instalações. O efeito negativo foi grande nas primeiras semanas, mas nós estivemos à altura de ripostar e fizemos aqui uma conferência de imprensa dizendo que aquilo só poderia ter sido um equívoco. Tínhamos a certeza absoluta de que não tínhamos feito nada do que fomos acusados.
Ficaram satisfeitos com as respostas das autoridades reguladoras espanholas?
Não. Até hoje não disseram nada. Houve uma notícia na imprensa dizendo que não tínhamos nada a ver com o assunto mas oficialmente não houve qualquer retratação o que acho de uma ingratidão total. Houve uma precipitação grande.
A operação Furacão relacionada com o branqueamento de capitais e fraude fiscais apanhou uma série de entidades como o BES, BPN e BCP...
A Operação Furacão está em segredo de justiça. E sei que continuam as investigações, que já devem ter produzido resultados. Houve provavelmente situações que foram regularizadas. O Estado tem todo o direito de ver tudo o que entender.
Os bancos desde há muito são acusados de falta de transparência, e agora mais por causa das operações com offshores. Acha que deveria haver um esforço para afastar esta ideia negativa?
Os bancos podem fazer um esforço em conjunto através da Associação Portuguesa de Bancos, mas vejo muitas vezes a associação dar as explicações e ninguém as querer ouvir. Os bancos e os banqueiros têm essa chaga. É um sector muito visado porque tem de ganhar dinheiro e tem que ter uma boa rentabilidade. Nós estamos constantemente a melhorar a nossa qualidade de serviço mas sabemos que há coisas ainda para fazer..
Na próxima Assembleia Geral vai haver novidades na composição da administração?
Vamos passar a ter um maior peso dos administradores independentes. Reduziremos a dimensão do conselho de administração e teremos 25% de administradores independentes.
O BES trabalha com "offshores", que são veículos difíceis de controlar...
Damos toda a informação que nos pedem. A nossa estrutura accionista é exactamente a mesma desde a fundação do banco e sempre que houve aumentos de capital os accionistas subscreveram as suas partes. Nunca tivemos "offshores" a comprar acções do BES.
Como está a negociação com a Sonangol?
Temos uma conversa permanente mas nunca nos foi imposto ou manifestado qualquer situação menos confortável. Em Angola temos um accionista angolano com 20% do capital.
Não vai haver alterações nessa percentagem atendendo a que os angolanos querem ter uma posição maior nas empresas que actuam no país?
Não temos qualquer imposição. Vemos com gosto a Sonangol entrar em Portugal. Há bancos que precisam reforçar os seus capitais. O país precisa de capitais para se desenvolver.
Mas têm um acordo para o Brasil?
É uma história de que não tenho conhecimento. Fazemos negócios com a Sonangol, mas para o Brasil não tivemos qualquer solicitação.
E a nível de internacionalização na área da banca de investimento, o que está a ser pensado?
Temos um corretor na Flórida que o BESI está a pensar utilizar em Nova Iorque, onde temos uma sucursal. Tem funcionado muito bem. Nestes momentos mais difíceis a sucursal de Nova Iorque teve uma participação muito activa. O BESI está a pensar colaborar com o Evolution para trabalhar o mercado americano.
E com o Crédit Agricole, a relação pode ser aprofundada?
Aprofundar mais é difícil porque o Crédit Agricole é um grande banco. Temos uma parceria de confiança. Têm uma estratégia internacional de expansão grande. Em Portugal abrimos o capital da banca seguros em 50% e antes o Crédit Agricole já tinha adquirido 100% da Credibom. Estamos a pensar fazer alguma coisa em conjunto na área do leasing e do factoring. Estamos a ter conversas.
Considera-se o homem mais poderoso de Portugal como foi referido em Espanha, no El País?
Não. Isso tem origem numa publicação portuguesa mas não faz sentido. Sou um banqueiro que procura fazer o melhor todos os dias.
O que se dizia era que grandes operações em Portugal não se faziam sem a participação do BES...
Isso é capaz de ter a ver com o ataque que foi feito pela Sonae à PT. Mas o grande mérito da defesa da PT cabe à administração de Henrique Granadeiro.
Como vê a PT neste momento?
Gostaria de ver a PT mais envolvida no Brasil porque como é uma empresa pequena na Europa pode ser vulnerável. Faz todo o sentido a PT procurar uma estratégia de crescimento no Brasil e sei que é isso que o seu presidente, Henrique Granadeiro, está a fazer. Tal como em África.
Mas no Brasil há sempre o problema da Telefónica, que tal como a PT tem 50% da Vivo...
Tem de se resolver. A Telefónica entrou na Telecom Itália (que também está no Brasil) e aguarda-se o que terá a dizer o regulador brasileiro.
Acredita que a PT vai conseguir libertar-se da Telefónica?
Nós evitámos uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), vamos ver se evitamos uma segunda. Acredito que hoje há uma boa relação com a Telefónica e que o facto de às vezes se medir forças cria mais respeito e consciência pelas empresas mesmo que sejam de dimensões diferentes. A Telefónica tem ambições enormes e já tem alguma dimensão mas hoje não lançaria uma OPA sobre a PT.
E qual o vosso posicionamento na EDP?
Estamos a contribuir para um núcleo duro nacional estável.