6 outubro 2008 17:50
O índice de referência PSI20 caiu 9,86 por cento para 6.954,87 pontos, arrastado pelas perdas da banca e dos pesos pesados EDP e Galp Energia.
6 outubro 2008 17:50
A bolsa portuguesa registou hoje a maior queda de sempre, com o índice de referência PSI20 a perder 9,86 por cento para 6.954,87 pontos, arrastado pelas perdas da banca e dos pesos pesados EDP e Galp Energia.
O índice principal da bolsa portuguesa caiu assim abaixo da fasquia dos 7 mil pontos, numa sessão marcada pelas fortes perdas da Galp (13,06 por cento para 9,44 euros), EDP (16,44 por cento para 2,25 euros), EDP Renováveis (12,09 por cento para 4,66 euros), BCP (7,25 por cento para 1,04 euros), BES (9,14 por cento para 9,14 euros) e BPI (7,76 por cento para 1,96 euros).
A PT caiu 6,52 por cento para 6,55 euros, ao passo que a Brisa caiu 5,80 por cento para 12,07 euros e a Sonae SGPS deslizou 9,8 por cento para 0,46 cêntimos.
Na origem destas fortes perdas estiveram novamente os receios em relação aos efeitos da crise do mercado de crédito.
"Os mercados accionistas viveram um dia de pânico generalizado nesta segunda-feira, com os investidores pouco confiantes, a temerem que o actual momento do sector financeiro se alastre à economia global e que esta possa entrar em recessão", disse à Lusa o analista Ramiro Loureiro, do Millennium BCP Investimento.
"A alimentar os receios estavam as acções de alguns Governos para assegurar os depósitos bancários, como é o caso da Alemanha, Irlanda, Dinamarca e Suécia, e serem percepcionadas como situações limite que anteciparão eventuais nacionalizações", acrescentou.
A criação de uma linha de crédito no valor de 50 mil milhões de euros ao Hypo Real Estate por parte do Governo alemão, com vista a salvar o banco, e a nacionalização de alguns bancos europeus "constituem de certa forma o presságio para este cenário, temendo-se que, à semelhança do verificado nos Estados Unidos, algumas financeiras europeias possam não resistir ao actual momento", disse o especialista.
Na passada sexta-feira, as bolsas norte-americanas reagiram em queda à aprovação do plano de compra de 700 mil milhões de dólares de activos "tóxicos" do sector financeiro, sinalizando que o mesmo pode não ser suficiente para travar a actual crise, o que ajudou igualmente a espoletar este sentimento negativo.
Na raiz do problema encontra-se a falta de confiança no mercado de crédito entre bancos, devido às dúvidas que subsistem sobre a solidez das instituições.
"O objectivo das intervenções que tiveram lugar nas últimas semanas por parte dos bancos centrais e autoridades financeiras foi restaurar a confiança nos mercados de crédito. Até agora todas falharam. Os bancos não confiam uns nos outros e por isso não emprestam dinheiro uns aos outros", afirmou à agência Lusa Giambattista Chiarelli, director de uma unidade de gestão de activos do banco suíço Pictet.
"Duvido, no entanto, que as autoridades permitam o colapso do mercado de crédito, pois as implicações de longo prazo para a economia 'real' seria de longe mais custosa do que qualquer intervenção que hoje tenha lugar", acrescentou.
Certo é que "a recuperação do mercado apenas poderá acontecer quando os mercados de crédito voltarem a funcionar", concluiu o banqueiro, que considera que medidas como as recentemente anunciadas pela Irlanda e pela Alemanha - cujos governos anunciaram que garantem os depósitos dos clientes dos bancos - poderão ajudar a devolver a confiança ao mercado.
As construtoras também sentiram na pele os efeitos da crise, devido aos receios de que as dificuldades no mercado de crédito poderão conduzir ao adiamento das grandes obras públicas previstas para o próximo ano.
Neste contexto, a Mota Engil perdeu 8 por cento para 2,76 euros, ao passo que a Teixeira Duarte caiu 4,57 por cento para 0.89 euros.
A Portucel registou a menor perda entre as vinte cotadas que integram o índice de referência nacional, ao perder 3,54 por cento para 1,77 euros - uma descida que, num dia normal, seria a mais significativa da sessão.
As principais praças financeiras da Europa registaram igualmente fortes perdas, com Paris a perder 9,04 por cento, Frankfurt a descer 7,33 por cento, Madrid a cair 6,06 por cento e Londres a deslizar 7,29 por cento.
Os índices norte-americanos também estão a negociar no 'vermelho', com o Dow Jones Industrial Average a perder 4,10 por cento e o Nasdaq a cair 4,89 por cento.