9 julho 2007 18:23
Vemtos fortes obrigaram ao cancelamento de todas as regatas do dia e o português Gustavo Lima foi um dos grandes prejudicados.
9 julho 2007 18:23
O 7.º dia dos mundiais de vela de classes olímpicas terminou sem que tenham sido realizadas as regatas previstas, devido ao forte vento que se fez sentir, e que deu sentido à expressão popular "até a barraca abana", já que a tenda montada para servir a imprensa abanou mesmo - e muito - durante todo o dia.
Cascais foi assolado por ventos na ordem dos 30 a 40 nós (cerca de 60 a 80 km/h), o que impediu a saída dos barcos para o mar. Desta forma, nas Classes de Star e Tornado que tinham agendadas Medal Races , os títulos mundiais foram atribuídos de acordo com a classificação verificada no final da Frota de Ouro.
Assim sendo, os brasileiros Robert Scheidt/Bruno Prada são os novos campeões mundiais da Classe Star, com os franceses Xavier Rouhart/Pascal Rambeau a concluírem em segundo e os britânicos Iain Percy/Andrew Simpson a ficarem com o bronze.
Na hora de comentar a vitória, Robert Scheidt reconheceu a "hospitalidade" portuguesa, e acrescentou ser especial "vencer num país onde se fala a mesma língua e onde há muitos amigos".
O "leme" da dupla campeã mundial falou ainda do sentimento de ver muitos compatriotas durante o dia: "é um sentimento de casa. É muito emocionante ver a quantidade de brasileiros que passa todos os dias na marina e nos cumprimenta".
A dupla portuguesa Afonso Domingos/Bernardo Santos concluiu a sua participação no 10.º lugar, posição que já ocupava.
Apesar das condições adversas, a frota Star apurada para a Medal Race ainda saíu para a água, por volta das 19horas, mas passados apenas alguns minutos, o barco da comissão de regatas mostrava a bandeira de deferimento, fazendo as embarcações regressar a terra, e dando por cancelada a regata decisiva.
Na Classe Tornado os campeões mundiais são os espanhóis Fernando Echavarri/Anton Paz que assim renovam um título que já era seu. O segundo lugar foi para a dupla belga Carolijn Brouwer/Sebastien Godefroid, com a curiosidade de Carolijn Brouwer ser a única mulher "leme" presente nos campeonatos. O pódio fica fechado com os holandeses Mitch Booth/Pim Nieuwenhuis.
Para Carolijn Brouwer, o significado do segundo lugar é especial, ela que viveu em Portugal durante quase um ano, no início da década de 90.
"É especial conseguir este resultado aqui. Vivi em Portugal durante 10 meses, em 92, e velejava todos os fins-de-semana aqui na marina, que na altura era muito diferente. Mas é um pouco estranho, sou holandesa de origem, tenho coração brasileiro mas velejo pela Bélgica", disse a velejadora, medalha de prata na Classe de Tornado.
O português Gustavo Lima perdeu esta segunda-feira a hipótese de revalidar o título mundial que conquistou em Cádiz (2003).
O forte vento que se fez sentir em Cascais obrigou ao cancelamento de todas as regatas do dia, pelo que o velejador, que ocupa o 9.º lugar da geral, fica arredado da luta pelo título. Ainda assim, Gustavo Lima garante o apuramento para a Medal Race e apura Portugal para os Jogos Olímpicos Pequim 2008 na Classe Laser, depois dos Star Afonso Domingos/Bernardo Santos terem conseguido semelhante proeza.
Na melhor das hipóteses, a matemática permite a Gustavo Lima lutar pela medalha da bronze, mas mesmo para conseguir o terceiro lugar final, o português precisa de vencer a Medal Race e esperar por uma verdadeira hecatombe dos seus adversários.
Ainda assim, independentemente do resultado final, é de salientar a forma como Gustavo Lima foi trepando na classificação, depois do 28.º lugar na primeira regata.
Na Classe Laser Radial, Sara Carmo terá amanhã, terça-feira, a derradeira oportunidade de classificar Portugal para os Jogos Olímpicos de Pequim 2008.
A velejadora portuguesa ocupa a 40.ª posição, depois de uma fantástica recuperação de 33 lugares em seis regatas, mas precisa de colocar Portugal entre os primeiros 19 países da classificação para carimbar o passaporte olímpico.
A verdadeira luta de Sara Carmo, como a própria já assumiu, "são os 30 primeiros", mas a qualificação olímpica estará, certamente, na sua mente como um objectivo alcançável.
Outra boa notícia do dia para os velejadores portugueses é o apuramento de João Rodrigues para os Jogos Olímpicos. João Rodrigues imita assim Gustavo Lima e Afonso Domingos/Bernardo Santos, qualificando Portugal na Classe RS:X.
O velejador madeirense garantiu o apuramento para a Frota de Ouro, com o sexto lugar que ocupa na geral e, dentro desta, já garantiu um dos 25 lugares olímpicos a atribuir em Cascais, até porque nesta frota só estão representados 23 países.
Com os cancelamentos do dia de hoje, amanhã será um dia muito preenchido nas águas de Cascais até porque as previsões apontam para menos vento.
Assim sendo, estão previstas duas regatas de Finn, com o português Francisco Melo em acção. Na classe 49er, a organização pretende realizar o maior número de regatas, para completar as oito necessárias para a conclusão da qualificação, uma vez que os diferentes grupos têm diferentes números de "corridas" disputadas, motivo pelo qual a Classe continua sem classificação geral.
Quanto aos 470, de Álvaro Marinho/Miguel Nunes, vão fazer apenas uma regata, de qualificação da frota de ouro.