28 dezembro 2010 16:34
As autoridades do Dubai não comentaram a morte de Mahmoud al-Mabhouh até 29 de janeiro, nove dias depois do seu corpo ter sido encontrado num quarto de hotel. Clique para visitar o dossiê WikiLeaks
28 dezembro 2010 16:34
Telegramas diplomáticos norte-americanos divulgados pelo site WikiLeaks revelam que as autoridades dos Emirados Árabes Unidos ponderaram ocultar o homicídio de um importante comandante militar do Hamas no Dubai, que é atribuído aos serviços secretos israelitas.
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A notícia do homicídio de Mahmoud al-Mabhouh, um dos fundadores do braço armado do movimento islamita palestiniano Hamas, num hotel de Dubai em janeiro deste ano, correu o mundo porque os autores do crime terão utilizado passaportes de vários países ocidentais.
O correio diplomático norte-americano agora divulgado pelo WikiLeaks também dá conta de que os Emirados Árabes pediram - em 24 de fevereiro - ajuda a Wasghinton para obter informações sobre cartões de crédito (emitidos nos Estados Unidos) que a polícia do Dubai suspeita tenham sido utilizados pelos envolvidos no assassinato.
Experiente grupo criminoso
As autoridades do Dubai evitaram comentar a morte de al-Mabhouh até 29 de janeiro, nove dias depois de o seu corpo ter sido encontrado num quarto de um hotel nas proximidades do aeroporto e após o próprio Hamas ter confirmado a sua morte.
Os telegramas confidenciais revelam que este caso foi discutido ao mais alto nível nos Emirados Árabes, e que as autoridades locais estavam indecisas entre "não dizer nada ou revelar mais ou menos a dimensão das investigações".
A polícia do Dubai falou de "um experiente grupo criminoso" que viajava com passaportes europeus. Só mais tarde as forças de segurança responsáveis pela investigação responsabilizaram diretamente o Mossad, os serviços secretos israelitas.
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza, acusa Israel do homicídio de al-Mabhouh, mas o Estado israelita nunca confirmou ter levado a cabo essa ação.
O correio diplomático confidencial não adianta mais detalhes sobre as identidades dos envolvidos, mas num telegrama o embaixador norte-americano na capital dos Emirados Árabes, Abu Dhabi, refere um possível motivo que terá levado as autoridades a revelarem detalhes sobre o incidente.
Dubai analisa informações
"Não dizer nada teria sido percebido como proteger os israelitas, e, no final, os Emirados Árabes escolheram revelar tudo", escreveu o embaixador Richard Olson.
De acordo com o diplomata norte-americano, a "declaração foi elaborada de forma cuidadosa para não acusar ninguém diretamente, mas a referência (...) a um grupo com passaportes ocidentais será entendida localmente como uma referência ao Mossad".
O gabinete de comunicação do governo do Dubai informou hoje que está a analisar as informações e escusou-se a fazer quaisquer comentários sobre o caso.
