ARQUIVO Tragédia na Praia Maria Luisa

Acidente na praia Maria Luísa era "improvável"

28 setembro 2009 23:25

O documento "Geodinâmica, Ocupação e Risco na Praia Maria Luísa", elaborado pela Administração da Região Hidrográfica do Algarve, diz não ter havido indícios que antecipassem o colapso da arriba.

28 setembro 2009 23:25

A derrocada que vitimou cinco pessoas na praia Maria Luísa é um acidente improvável cujas causas directas são difíceis de apurar, não tendo havido indícios que antecipassem o colapso, conclui um relatório divulgado hoje.

DOSSIÊ TRAGÉDIA NA PRAIA MARIA LUÍSA

O documento "Geodinâmica, Ocupação e Risco na Praia Maria Luísa", elaborado pela Administração da Região Hidrográfica do Algarve, está a partir de hoje disponível "on-line" na página do Ministério do Ambiente, mais de um mês depois do acidente, que ocorreu a 21 de Agosto.

Ao relatório, que se estende por cinquenta páginas, foram anexados dois pareceres sobre o risco das arribas, um da Universidade do Algarve, conhecido na passada semana, e outro da Faculdade de Ciências de Lisboa.

O documento conclui que o acidente tem um nível de probabilidade baixo, já que a maioria dos movimentos de massa ocorre durante o Inverno, quando há pouca ocupação nas praias e que não houve nenhum indício físico que antecipasse o colapso de parte daquela arriba.

Apesar de a ARH/Algarve não ter conseguido apurar as causas directas da derrocada, aponta como possíveis factores a agitação marítima e o sismo de magnitude 4.2 registado três dias antes.

Contudo, a ARH frisa que a agitação marítima e precipitação mantiveram-se em níveis de actividade baixos, pelo que "não pode ser atribuída qualquer relação directa entre os agentes e a derrocada verificada".

"A ciência nacional e internacional não tem ainda capacidade de prever quer a data da ocorrência, quer o local onde poderá ocorrer um fenómeno desta natureza, cujo nível de previsão é idêntico ao dos sismos", lê-se no relatório divulgado hoje.

De acordo com o parecer elaborado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o acidente foi originado por uma "rotura por tombamento", absolutamente "atípica" no que respeita aos factores que a desencadearam.

O documento sugere que o colapso pode ter sido motivado por envelhecimento ou fadiga natural dos materiais, havendo também contribuição das condições singulares da maré e do sismo que a antecederam.

O parecer diz ainda que no estado actual do conhecimento científico "não é possível prever o momento ou o local onde poderá ocorrer uma rotura nas arribas, tal como não seria possível prever "em tempo útil" o acidente de 21 de Agosto.

Pelo facto da evolução natural das arribas constituir uma situação de risco para pessoas e bens, o estudo da Faculdade de Ciências recomenda medidas de carácter preventivo como a demarcação de zonas, a colocação de sinaléctica e a realização regular de inspecções.