ARQUIVO Tarrafal

Tarrafal foi "pico da repressão em Portugal", diz Fernando Rosas

29 abril 2009 20:49

O historiador diz-se satisfeito com a decisão de Cabo Verde em lutar pela criação no Tarrafal de um Museu Histórico de Resistência Antifascista e da Luta Anti-Colonial e, ao mesmo tempo, pela atribuição de Património Mundial da Humanidade. 

29 abril 2009 20:49

O campo de concentração do Tarrafal (Cabo Verde) constituiu "o pico da repressão em Portugal" e a "forma mais brutal de repressão que o fascismo encontrou" contra os opositores, considera o historiador português Fernando Rosas. 

"O 'Tarrafal' foi o pico das perseguições e tem um significado muito especial, porque é um terreno onde se junta a luta dos antifascistas portugueses com a luta dos anti-colonialistas ou os patriotas dos movimentos de libertação nacional", afirma Fernando Rosas. 

Presente no simpósio sobre o também conhecido "campo da morte lenta", no norte da ilha de Santiago, que se prolonga até sexta-feira, o historiador português lembra que o campo contou com duas fases, uma ligada à prisão dos antifascistas portugueses, e outra à repressão contra os anti-colonialistas de Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau. 

"É a forma mais brutal de repressão que o fascismo encontrou contra os resistentes, mas simultaneamente é um abraço de solidariedade entre aqueles que resistiram ao fascismo e os patriotas das várias ex-colónias que lutavam pela independência dos seus países", sustenta. 

"Nesse sentido, é um espaço de internacionalismo, de solidariedade e de memória absolutamente comum de todos estes países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)", acrescenta Fernando Rosas, que hoje, ao fim do dia, na Praia, profere uma palestra sobre o "Dever de Memória".

Sobre o simpósio que decorre no Tarrafal, para assinalar os 35 anos do encerramento do campo, ocorrido a 1 de Maio de 1974, uma semana após a "Revolução dos Cravos" em Portugal, Fernando Rosas considera tratar-se de uma iniciativa "muito importante". 

"O que é precioso é que isto passe desta cerimónia para uma actividade permanente de intercâmbio, de investigação e de cultura, ou seja, de memória", afirma, mostrando-se satisfeito com a decisão do Governo de Cabo Verde em lutar pela criação, no "Tarrafal", de um Museu Histórico de Resistência Antifascista e da Luta Anti-Colonial e, ao mesmo tempo, pela atribuição de Património Mundial da Humanidade.