16 março 2011 12:54
180 homens e mulheres trabalham entre o desastre da central nuclear e o resto do mundo.Clique para visitar o dossiê Sismo no Japão
16 março 2011 12:54
Os homens e mulheres que permanecem em trabalhos no interior da central nuclear de Fukushima, a combater as consequências do desastre, já foram apelidados de heróis. Começaram por ser 50, mas o número foi aumentado hoje para 180. São engenheiros, técnicos, bombeiros e operários conscientes do perigo que representa o nível de radiações a que estão sujeitos.
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Desde esta manhã de quarta-feira que foi dada ordem de evacuação da população que se encontrasse num raio de dez quilómetros de distância da central nuclear. Ontem, a empresa gestora da central nuclear japonesa mandou evacuar a maioria dos técnicos que tentavam manter o controlo da situação, desde que a radiação registada foi considerada prejudicial para a saúde.
Dos 800 trabalhadores que até então continuavam nas instalações ficou apenas o grupo dos 50 que ainda ali continua a bombear água do mar sobre os reatores para tentar conter o aquecimento dos seus núcleos.
Na sequência da inutilização dos sistemas de refrigeração - normal e de emergência - pelo terramoto e subsequente maremoto de sexta-feira passada, neste momento estão a ser utilizadas 14 bombas de injeção de água, além da água que é também lançada sobre a central por helicópteros que a sobrevoam continuamente.
Os "liquidadores" de Chernobyl
Passados seis dias sobre o acidente, o trabalho dos 50 técnicos de Fukushima é reconhecido como só muito mais tarde aconteceu com os homens que trabalharam em Chernobyl, em 26 de abril de 1986, há 25 anos.
Estima-se que, entre 1986 e 1992, 600 mil pessoas tenham participado nas operações que tentaram minimizar as consequências desta explosão nuclear.
Os verdadeiros heróis-vítimas, que na sua maioria desconhecia o que enfrentavam, ficaram conhecidos por "liquidadores". Entre eles, distinguem-se ainda os "biorobôs", o grupo menor de homens que retirou o material radioativo expelido durante a explosão do reator e que se depositou no teto da central. O nível de radiação era tal, que a robótica avariava sem conseguir realizar a tarefa. A maior parte destes três mil homens eram soldados que aceitaram a oferta do Governo de trocarem dois anos de trabalho por dois minutos em Chernobyl.
Quarenta e cinco segundos de exposição àquele nível de radiação era já uma dose letal. No entanto, aqueles homens trabalharam até concluírem a tarefa mortal. Hoje, 50% deles morreram e os restantes sofrerem consequências irreparáveis. Outro grupo de sacrifício foi o que sobrevoou o núcleo nos instantes que se seguiram à explosão descarregando materiais que evitassem a fissão do núcleo.
Morreram todos no prazo de poucos dias. O Governo soviético distinguiu cada um destes homens com uma medalha.