"Mulher ciumenta traiu um Bin Laden senil"

"A Al-Qaeda decidiu 'reformá-lo' em 2003. Ele estava a ficar mentalmente senil. Desde 2001, sofria de uma doença degenerativa e tinha começado a ser afetado por fantasias", afirma Shaukat Qadir, um brigadeiro paquistanês reformado, que passou oito meses a investigar a estadia de Bin Laden no Paquistão.

dossiê Morte de Bin Laden

O investigador independente está convicto de que Bin Laden passou os seus últimos tempos de vida afastado da Al-Qaeda, já num estado de demência, e que terá sido descoberto e morto por ter sido traído pela sua primeira mulher.

Shaukat Qadir não tem provas das suas teorias e admite a hipótese de que os militares paquistaneses o tenham procurado manipular na versão que lhe apresentaram, devido à humilhação e acusações de incompetência de que foram alvo por não terem detetado Bin Laden.

Contudo, utilizando as suas fontes privilegiadas, Qadir fez a até agora conhecida mais ampla reconstituição dos últimos tempos da vida de Bin Laden, desde que o líder da Al-Qaeda abandonou as montanhas de Tora Bora no Afeganistão, no final de 2001.

Acesso a entrevistas e ao complexo de Abbottabad

Qadir é próximo do general Ashfaq Kayani, chefe das Forças Armadas do Paquistão, que lhe deu acesso ao complexo na cidade de Abbottabad, onde Bin Laden viveu e foi morto (e que as autoridades paquistanesas demoliram no mês passado). Teve acesso às transcrições dos interrogatórios das suas mulheres. Entrevistou elementos dos serviços de Informação do Paquistão.

A investigação levou-o também às zonas tribais junto à fronteira do Afeganistão, que terá sido o santuário de Bin Laden, uma área onde esteve destacado pelo Exército paquistanês até à sua aposentação em 1998.

Acredita que Ayman al-Zawahiri, o médico egípcio que muitos consideram ser o homem que está verdadeiramente por detrás do funcionamento da Al-Qaeda, fartou-se de Bin Laden e decidiu afastá-lo quando começou a perder as suas faculdades mentais, após os ataques de 11 de setembro de 2001 às torres gémeas do World Trade Center de Nova Iorque.

Qadir afirma que Bin Laden mudava frequentemente de locais onde permanecia escondido no norte do Paquistão, até a Al-Qaeda ter decidido que a cidade de Abbottabad seria o sítio perfeito para construir uma residência refúgio para ele, duas das suas mulheres e os filhos.

Morto dois meses após a chegada da mulher

O investigador está convicto de que terá sido Khairiah Sabar, a primeira mulher de Bin Laden, que o terá traído, chamando a atenção para o facto de o antigo líder da Al-Qaeda ter sido morto apenas dois meses depois da chegada da mulher a Abbottabad.

Khairiah Sabar, de origem saudita, estava afastada da família desde o final de 2001, altura em que viajou do Afeganistão para o Irão, enquanto os outros seguiram para o Paquistão.

Qadri refere que os iranianos a libertaram no final de 2010 e que, após ter passado alguns meses num campo da Al-Qaeda no Afeganistão, foi para junto do marido em Abbottabad.

"Tudo começou a acontecer com a chegada de Khairiah", afirma Qadri, "todos tinham um problema com ela. Antes, as outras duas mulheres viviam confortavelmente".

Khalid, filho crescido de Bin Laden e da sua outra mulher saudita, também suspeitava de Khairiah. "Ele perguntava-lhe insistentemente 'porque vieste? O que queres dele?' Ela limitava-se a responder 'Tenho mais um dever a cumprir para o meu marido'".

Khalid terá mesmo dito ao pai: 'Suspeito que ela irá trair-te'. Ao que este lhe respondeu: "Que assim seja".

Qadir diz que Bin Laden terá procurado convencer as suas outras mulheres a abandonarem o local para a sua segurança, mas elas recusaram.