12 julho 2011 16:52
Mal suspeitou da presença de Bin Laden em Abbottabad, a CIA organizou uma campanha de vacinação fictícia contra a hepatite B. Uma investigação do jornal inglês "The Guardian". Clique para visitar o dossiê Morte de Bin Laden
12 julho 2011 16:52
A morte de Osama bin Laden continua a alimentar o argumento para um bom filme de espionagem. Segundo uma investigação do diário "The Guardian", a CIA organizou uma campanha de vacinação falsa na cidade onde o líder da Al-Qaeda vivia, com o intuito de recolher ADN de um dos seus filhos.
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A estratégia passaria por, recolhido o ADN, compará-lo a uma amostra de ADN de uma irmã de Bin Laden que faleceu em Boston, no ano passado. A confirmar-se a compatibilidade, provaria a presença da família em Abbottabad.
De acordo com o jornal inglês, uma enfermeira chamada Mukhtar Bibi conseguiu entrar na casa de Bin Laden para administrar as vacinas. A técnica terá levado consigo uma mala de mão equipada com um dispositivo eletrónico. "Não é claro que tipo de dispositivo era, nem se ela o conseguiu deixar na casa", escreve o "The Guardian". "Também não se sabe se a CIA conseguiu obter ADN de Bin Laden, embora uma fonte sugira que a operação não teve sucesso."
Cartazes enganadores
O plano de vacinação foi concebido após os serviços secretos norte-americanos terem seguido Abu Ahmad al-Kuwaiti, um mensageiro da Al-Qaeda denunciado por vários detidos em Guantánamo, até à residência de Bin Laden. Seguiu-se um período de observações à casa, por satélite e a partir de um posto da CIA em Abbottabad, ao que se segue a ideia da campanha.
Para organizá-la, a CIA recrutou o médico paquistanês Shakil Afridi, um funcionário governamental com responsabilidades na área tribal de Khyber, junto à fronteira com o Afeganistão. Afridi deslocou-se a Abbottabad em março, dizendo possuir fundos para o desenvolvimento de uma campanha de vacinação grátis contra a hepatite B.
Por toda a cidade, foram afixados cartazes publicitando a iniciativa médica, dando destaque a uma vacina produzida pela farmacêutica Amson, sedeada nos arredores de Islamabade.
Funcionários dos serviços de saúde do governo regional foram pagos para participar na campanha, ignorando o seu real objetivo. Para tornar a campanha mais credível, a vacinação foi iniciada numa zona pobre de Abbottabad.
Corte nos milhões para o Paquistão
Esta campanha surgiu da necessidade de confirmar a presença de Bin Laden na área, antes da realização de uma operação militar de risco e previsivelmente polémica - no interior de outro país e à revelia das autoridades nacionais.
A posterior detenção do médico paquistanês, pelos serviços secretos paquistaneses (ISI), agravou as já de si deterioradas relações entre Washington e Islamabade.
No passado fim de semana, os Estados Unidos anunciaram um corte em 800 milhões de dólares (566 milhões de euros) na ajuda militar ao Paquistão - correspondente a cerca de um terço do valor total anual. O Paquistão "tomou algumas medidas que nos deram razões para suspendermos parte da ajuda", afirmou Bill Daley, chefe de gabinete da Casa Branca.
Osama bin Laden foi assassinado a 2 de maio, dentro da casa onde morou nos últimos seis anos de vida, perto da capital do Paquistão. Na sequência de um raide militar norte-americano.