ARQUIVO Portugal 2009

"Este foi o Governo mais arrogante da democracia", acusa o PSD

10 setembro 2009 20:54

O caso TVI voltou ao Parlamento. O PSD acusou o Governo de José Sócrates de ter "espezinhado os valores da democracia". Já o PS disse que o partido de Ferreira Leite passou da "asfixia democrática à excitação democrática". (Veja vídeo no fim do texto)

10 setembro 2009 20:54

O PSD disse hoje ser o momento de dizer "basta" ao "poder controleiro e nefasto" do Governo "mais perdulário e arrogante" desde o 25 de Abril, lembrando o recente "atentado às liberdades" no caso da TVI.

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"Este foi o Governo mais perdulário da democracia, o mais arrogante desde o 25 de Abril, o que espezinhou mais os valores da democracia", afirmou o presidente da bancada parlamentar do PSD, Montalvão Machado, numa declaração política na comissão permanente da Assembleia da República.

Sublinhando ser este o momento de "dizer basta ao poder nefasto e controleiro", Montalvão Machado recordou alguns "episódios" da legislatura onde considera que o PS "pôs em prática uma cultura de medo", como na "vil perseguição" ao professor Fernando Charrua ou na decisão de enviar a polícia a uma escola para tentar saber que docentes pretendiam comparecer a uma manifestação contra o executivo.

"Se mais não faltou, faltou coragem. O Governo não teve coragem de decidir", lamentou.

Numa intervenção muito dura, Montalvão Machado fez ainda referência ao "mais recente atentado às liberdades" que aconteceu na TVI.

Recordando que o primeiro-ministro se "apressou" a negar ter feito qualquer telefonema para a administração da empresa de comunicação social para tentar acabar com o Jornal de Sexta, apresentado pela jornalista Manuela Moura Guedes, o líder parlamentar do PSD disse não ter razão para não acreditar em José Sócrates.

Contudo, frisou, "não se podem atirar pedras e depois lamentar o vidro partido", pois os socialistas criaram "todas as condições para amordaçar o serviço noticioso" da TVI.

"A liberdade de informação é hoje um campo minado por pressões", afirmou, considerando que "Portugal vive hoje uma liberdade amputada".

Já no final da sua intervenção, Montalvão Machado destacou as diferenças entre o primeiro-ministro e líder do PS, José Sócrates, e a presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite.

"Manuela Ferreira Leite tem valores e princípios que são diferentes, tem um percurso e uma vida académica, um percurso profissional e uma vida política que são radicalmente diferentes", salientou, considerando que "o verdadeiro fim" deste PS será no dia 27 de Setembro, data das eleições legislativas.

PS critica declaração de "fundamentalismo"

O líder parlamentar do PS acusou hoje o PSD de "passar da asfixia democrática à excitação anti-democrática" e recordou que foi um Governo social-democrata que foi 'condenado' por pressões ilegítimas na TVI.

"O PSD passou da asfixia democrática à excitação democrática", afirmou o líder da bancada socialista, Alberto Martins, numa declaração política na comissão permanente da Assembleia da República.

Referindo-se à intervenção que o líder da bancada do PSD tinha feito momentos antes e onde Montalvão Machado criticou o "poder controleiro e nefasto" do Governo, Alberto Martins disse ter-se tratado de uma declaração de "fundamentalismo, que não calha bem à democracia".

A propósito das acusações de "asfixia democrática" que os sociais-democratas têm insistentemente feito, Alberto Martins frisou que se tal fosse verdade, estaria em causa o normal funcionamento das instituições democráticas o que obrigaria a uma intervenção do Presidente da República.

Contudo, acrescentou, a verdade é que o chefe de Estado nada fez até agora.

Numa alusão à visita no início da semana da líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, à Madeira, Alberto Martins notou que os sociais-democratas é que se "asfixiaram na Madeira" e recordou a "imagem de Manuela Ferreira Leite ao lado de Alberto João Jardim a vociferar junto a um carro preto".

O líder da bancada do PS falou ainda das acusações do PSD aos atentados à liberdade de informação, lembrando que "a "única condenação" por parte da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) a um Governo por "tentativas de pressão ilegítima na TVI" aconteceu na altura do executivo de coligação PSD/CDS-PP.

"Pedro Santana Lopes e Paulo Portas foram responsáveis por uma tentativa de intromissão ilegítima", acusou, lembrando igualmente que o Jornal de Sexta, apresentado pela jornalista Manuela Moura Guedes, e que foi suspenso a semana passada por decisão da administração da TVI, também foi "condenado" várias vezes pela ERC.

Alberto Martins reiterou ainda que o Governo já repudiou qualquer tentativa de envolvimento nas decisões da administração da TVI e disse ser agora necessário esperar pelo inquérito da ERC.

"Temos a nosso favor um património muito grande, fomos os fundadores da democracia. Nunca como hoje temos condições de debate democrático", sustentou.

Além disso, continuou, "os portugueses sabem que, se houver algum problema, onde está o esteiro de liberdade".