ARQUIVO Crise no Egito

Resultados das eleições no Egito adiados para o fim de semana

21 junho 2012 12:36

Maria Luiza Rolim (www.expresso.pt)

Forças de segurança egípcias preparam "plano B" para o caso de Ahemed Shafik, antigo primeiro-ministro da era Hosni Mubarak, ser declarado vencedor das presidenciais. Resultados serão anunciados sábado ou domingo.Clique para visitar o dossiê Crise no Egito

21 junho 2012 12:36

Maria Luiza Rolim (www.expresso.pt)

A comissão eleitoral do Egito, dirigida pelo juiz Faruk Sultan, adiou o anúncio dos resultados das eleições presidenciais, inicialmente previsto para hoje, informou a agência oficial egípcia, MENA. O anúncio foi feito ontem à noite, sob as incertezas em redor da saúde de Hosni Mubarak, enquanto aumentavam as tensões sobre quem sucederá ao Presidente deposto.

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O nome do candidato vencedor só será anunciado no próximo fim de semana.  Mas apesar dos rumores de que poderá ser comunicada a vitória de Ahemed Shafik, um grupo de juízes independentes - liderados pelo ex-chefe da União de Juízes, Zakaria Abdel Aziz, que monitorizou o processo de votação - confirmou numa conferência de imprensa que Mohamed Morsy, o candidato da Irmandade Muçulmana, foi quem venceu as eleições, de acordo com a contagem que eles fizeram.

Com efeito, na passada segunda-feira, a Irmandade Muçulmana anunciou que o seu candidato, Mohamed Morsy, venceu a segunda volta, apresentando alegados certificados de cópias da contagem de votos. No entanto, também Shafik reclama para si a vitória, tendo, com a sua equipa, iniciado uma campanha, detratanto a Irmandade por falsificação de documentos.

Caos político, económico e legal  

Enquanto as forças de segurança egípcias continuam a proteger o Parlamento da ação de manifestantes que exigem à Junta Militar o retorno da "legalidade democrática", milhares de apoiantes de Mohamed Morsy voltaram a passar a noite na Praça Tahrir.

Independemente de quem sair vencedor, o novo Presidente do Egito já não terá o poder quase absoluto de que Mubarak desfrutou por quase três décadas. Isto porque a Junta Militar que governa o país nesse período de transição reivindicou para si, no passado domingo, amplos poderes.

No comunicado divulgado, o Conselho Supremo das Forças Armadas afirma que retoma os poderes legislativos depois de o Tribunal Constitucional ter ordenado, na passada semana, a dissolução do Parlamento, dominado pelos islamistas. O Exército está autorizado a prender civis.

A Junta Militar passou a ter também o poder de vetar o projeto de uma Constituição permanente, o que provocou a indignação por parte de ativistas, que denunciaram as novas medidas. A Irmandade Muçulmana, por sua vez, insiste que o Parlamento detém o poder legislativo, e prometeu derrubar as decisões do Conselho com a força popular. O protesto na Praça Tahrir, que na passada terça-feira reuniu mais de 15 mil pessoas para comemorar a vitória de Morsy e protestar contra os superpoderes dos militares, terá sido convocado pela Irmandade.