7 agosto 2008 10:15
Inesquecível a foto da urna de Salazar nos Jerónimos, com a legenda "A morte macabra do ditador". (Veja também os depoimentos de Jorge Sampaio, António Guterres, Francisco Pinto Balsemão, Ramalho Eanes e Mário Soares).
7 agosto 2008 10:15
Guardo a fotografia no meu gabinete
Esta fotografia nunca mais se lhe apagou da memória, e dela falou publicamente mais que uma vez. A ponto de, já presidente da Comissão Europeia, o director da "Paris-Match" lhe ter oferecido uma cópia, emoldurada. "Guardo-a no meu gabinete, em Bruxelas". Oriundo de uma família conservadora de Trás-os-Montes, foi aquela reportagem "que me despertou para a política. Fora criado a admirar um Portugal que, independentemente do regime, era pluri-continental e maior que a própria Europa. Aquela foto, porém, mostrava a imagem que havia de nós na Europa. Mesmo de uma revista alinhada à direita, como a Paris-Match. E comecei a interrogar-me porque razão essa imagem era assim tão negativa, associada a duas palavras tão terríveis: ditador e macabra. Foi um soco no estômago. Pus-me a argumentar com o meu pai e com a família. Lembro-me que uma das primeiras discussões que tive com ele foi por causa da fotografia. O meu pai lia todos os dias o "Diário de Notícias" e gostava muito do Augusto de Castro. Pela primeira vez, pus em causa o que ele me dizia".
"O 25 de Abril foi o dia mais importante da minha vida"
Mais tarde, já no Liceu Camões, Durão Barroso fez o seu tirocínio, que se prolongou pela Faculdade de Direito. "No Camões, tive o meu melhor professor de sempre: Mário Dionísio, a Francês. Foi ele quem me abriu para o mundo da cultura e das artes". Em 1973, quando entrou na Faculdade de Direito, "já ia a tudo quanto fosse contra o regime". Nunca chegou a ser aluno de Marcelo Caetano, que na época era o Presidente do Conselho. "O meu pai depositou grandes esperanças no marcelismo". Uma expectativa que Durão Barroso (que foi primeiro-ministro de 2002 a 2004), não partilhou. "Radicalizei-me muito cedo, mesmo sem estar organizado. Eu era especialmente sensível à questão colonial. Porque razão havíamos nós de mandar nos outros? A ideia de Império era-me incompreensível. Desde esses tempos que, para mim, era claríssimo que Portugal tinha de deixar as colónias". Foi a guerra colonial que decidiu a sorte de Marcelo Caetano e do Estado Novo. Durão Barroso não hesita em classificar o 25 de Abril de 1974 como "o dia mais importante da minha vida em termos públicos".
"Soube em Paris, depois dum encontro secreto com Cunhal"
"O cirurgião era um médico da oposição"
"Em 1969, votei em Marcelo Caetano"
"Tirei o 'smoking' e fui fazer uma edição especial do 'Popular'"