2 fevereiro 2008 0:01
Sentado no landau à frente de seu pai, viu-o ser atingido mortalmente, pelas costas. Por breves momentos, D. Luís Filipe foi rei de Portugal.
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O príncipe D. Luís Filipe nasceu no palácio de Belém, a 21 de Março de 1887. Foi o primeiro filho de D. Carlos e D. Amélia, que eram, então, duque e a duquesa de Bragança. Como príncipe real, a sua educação (bem como a de seu irmão, D. Manuel, embora com outra intensidade) foi muito cuidada. Como se pode ler na revista "Brasil-Portugal", a vida de príncipe não era, propriamente, fácil: "Levantam-se às 6 horas, trabalham até ao meio-dia, almoçam e pouco depois trabalham com os professores até às 3 horas, saem em passeio, preferindo os passeios a pé pelos campos, até às 51/2 da tarde, regressam ao paço a esta hora e trabalham nas lições até às 7 e meia, hora a que jantam".
Assim, entre um apertado plano de estudos, obrigações sociais e alguns desportos próprios de um aristocrata (tiro, equitação, lawn tennis, etc), foi correndo a adolescência de D. Luís Filipe. A 20 de Maio de 1901, um mês depois de ter completado 14 anos, prestou juramento à constituição, tornando-se o legítimo e presuntivo herdeiro da coroa. Em 1903 parte em viagem com a mãe e o irmão a bordo do iate Amélia para um cruzeiro pelo Mediterrâneo. Visitaram diversos países do sul da Europa e do norte de África, Egipto incluído. D. Luís Filipe, que à semelhança do pai, era um entusiasta da fotografia, aproveitou o périplo para tirar numerosos clichés.
Três anos mais tarde, tal como estipulado na Carta Constitucional, toma posse no Conselho de Estado. Pouco tempo depois, preside a uma cerimónia organizada pelo governo de João franco que tinha como objectivo o enaltecimento das escolas. Nesse dia o presidente do conselho exorta-o: "Que vossa Alteza escolha, para objecto do seu particular interesse, o ensino e a educação do seu país porque nele está o futuro de Portugal e toda a razão teem aqueles que dizem que as nações valem, hoje em dia, o que valer a instrução dada aos seus filhos".Em 1907, D. Luís Filipe protagonizou uma importante acção diplomática, cujo objectivo era reforçar a posição portuguesa em África.
Seguindo uma ideia da rainha D. Amélia, visitou oficialmente, entre 1 de Julho e 27 de Setembro, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Cabo Verde, bem como as colónias britânicas Rodésia e África do Sul. Era a primeira vez que um membro da família real visitava as colónias. Uma viagem que reforçou a autoridade portuguesa naqueles territórios, ajudando a desfazer a má imagem deixada por uma campanha de produtores de cacau britânicos que acusavam os portugueses de esclavagistas. Independentemente de os métodos coloniais portugueses da época não serem dos mais humanos (coisa que os métodos ingleses também não eram), o verdadeiro objectivo desta campanha era tirar fama ao cacau de São Tomé que inundava os mercados internacionais e retirava espaço à produção britânica de cacau.
No dia 1 de Fevereiro de 1908, D. Luís Filipe será, por alguns minutos, rei de Portugal. Sentado no landau à frente de seu pai, viu-o ser atingido mortalmente, pelas costas, pela carabina disparada por Buíça. Quando Alfredo Costa se pendura no estribo da carruagem para balear o rei já morto, D. Luís Filipe levanta-se e atinge-o com o seu revólver. De pé, tornou-se um alvo fácil para Buiça que, a 10 metros, fez novamente fogo e lhe acertou no rosto. Alguns minutos depois, já à chegada ao Arsenal da Marinha, não resistirá aos ferimentos.