Manifestações contra e a favor

A memória dividida

2 fevereiro 2008 0:01

Nair Alexandra

Enquanto o país cultural continua a evocar e a debater o atentado de há cem anos, monárquicos e republicanos recordam as respectivas visões dos acontecimentos.

2 fevereiro 2008 0:01

Nair Alexandra

O Regicídio continua a ser tema de acontecimentos em todo o país. Esta visão recente da História portuguesa é evocada hoje, dia exacto em que passa um século sobre o atentado do Terreiro do Paço. Na Hemeroteca Municipal de Lisboa decorre uma mostra documental e bibliográfica intitulada "O Regicídio na Imprensa da Época", organizada a partir da colecção da instituição, e que o público pode visitar até 29 de Fevereiro.

Nesta casa está também previsto um ciclo de conferências, semanal, a decorrer durante todo este mês. A primeira será no próximo dia 7, pelo especialista em História Contemporânea Eduardo Teixeira, com o título "O Regicídio de 1908, Impacto nos Jornais Portugueses". Entretanto, a Hemeroteca já disponibilizou na Internet conteúdos informativos e documentos relacionados com o tema e a sua época.

Ainda na capital, a Cinemateca dedica um ciclo ao tema durante o mês de Fevereiro. Na primeira sessão, hoje, 1, às 21 e 30, o prato-forte será um pequeno registo fílmico, anónimo, dos funerais de D. Carlos e de D. Luís Filipe. "Nicolau e Alexandra", de Franklin J. Schaffner, "Maria Stuart, Rainha da Escócia", de John Ford, "A Inglesa e o Duque", de Eric Rohmer, "Frei Luís de Sousa" e "O Primo Basílio", de António Lopes Ribeiro, "Marie Antoinette", de Sofia Coppola, "La Marsellaise", de Jean Renoir e "Júlio César", de Joseph L. Mankiewicz, são alguns dos filmes deste ciclo intitulado "Regicídios".

Também Coimbra recorda o acontecimento: hoje, 1, e amanhã, sábado, no salão nobre da Câmara de Coimbra decorre o colóquio "O Rei D. Carlos e o Regicídio", promovido pela Associação Cultural Alternativa. Além do seu presidente, o historiador Carvalho Homem, participam Miguel Pignatelli Queiroz, ex-presidente do directório nacional do Partido Popular

Monárquico e António Reis, grão-mestre do Grande Oriente Lusitano.

Um pouco mais a norte, em Aveiro, uma exposição da imprensa local da época e outra, "D. Carlos, o Rei que Amava o Mar", abrem as portas entre 1 e 10 de Fevereiro, no Museu da Cidade de Aveiro. Apresentações às escolas do 1º ciclo incluem-se nas actividades da Cidade da Ria.

As homenagens ao rei e príncipe mortos a 1 de Fevereiro multiplicam-se, entre grupos monárquicos e associações que incluem elementos de tendências diferentes, como já foi referido no Expresso (26/1/08). Assim a Comissão D. Carlos 100 Anos tem um rol de actividades previstas para todo o ano de 2008. Mas também há homenagens aos regicidas Alfredo Costa e Manuel Buíça, hoje, dia 1: uma delas é promovida pela Associação Operária Natural, com uma concentração no Arco da Rua Augusta, às 18 horas. Para a mesma hora e local também houve um apelo à concentração, no sítio do movimento "Não Apaguem a Memória" - o que provocou mal-estar entre alguns membros daquele movimento.