13 dezembro 2007 14:49
Líderes da União pedem empenho para a União Europeia.
13 dezembro 2007 14:49
Faltavam 10 minutos para a uma da tarde quando a voz da locutora disse: "Nasceu o novo Tratado de Lisboa, Parabéns União Europeia!". E a audiência instalada nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos irrompeu numa ovação, de palmas e assobios. Ao longo de meia hora, os líderes de Estado e de Governo da União Europeia, acompanhados dos seus ministros de Negócios Estrangeiros, tinham posto os seus nomes - com caneta de prata - no grosso livro do Tratado.
Todos, excepto o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, que àquela hora ainda era esperado para o almoço, oferecido pelo Presidente da República no Museu dos Coches. "Fez-nos a vida negra até ao fim", comentou um funcionário. "Nem o Tratado veio assinar a tempo".
Mas isso é outra querela. Hoje, no Mosteiro dos Jerónimos, como salientou José Sócrates, o orgulhoso presidente em exercício da União Europeia, havia sido feita história. "E quero que saibam - disse a todos os presentes - que é uma honra que seja justamente aqui, no mesmo local em que Portugal assinou o Tratado de Adesão ao projecto europeu, que assinamos um novo Tratado para o futuro da Europa. E uma honra ainda maior que esse Tratado receba o nome de Lisboa".
"Este Tratado é um novo momento da aventura europeia e do futuro europeu", sublinhou ainda, depois de no seu discurso ter feito um pouco a revisão do processo e agradecido em particular ao empenhamento da Chanceler Angela Merkel, "sem a qual não teria sido possível percorrer este caminho", e a Durão Barroso, "que deu toda a ajuda à presidência portuguesa". Sem esquecer "a vontade política dos líderes europeus e a confiança que sempre manifestaram no desenvolvimento do projecto europeu".
O Tratado de Lisboa é virado para o futuro, sumariou, depois de enumerar as principais ideias do novo documento: "um Tratado para a construção de uma Europa mais moderna, mais eficaz e mais democrática".
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, haveria de ser mais poético, quando lhe coube intervir, no momento inicial da cerimónia. Para ilustrar a importância do acto, citou Fernando Pessoa, 1917: "A Europa tem sede que se crie, tem fome de futuro. A Europa quer passar de designação geográfica a pessoa civilizada"
"Nasce uma nova Europa, alargada a 27, reunificada em torno da liberdade e da democracia", afirmou ainda, salientando que, agora, a União estará mais bem colocada par propor soluções globais que o mundo necessita.
Durão Barroso não deixou também de agradecer o contributo da líder alemã e a "competência e determinação da presidência portuguesa e de José Sócrates, que tornaram possível" o Tratado. E desafiou todos os dirigentes - "que deram provas de coragem política, a fazer a mesma prova sobre a ratificação. É tempo de avançar e dar respostas aos cidadãos que querem ver resultados concretos".
O mesmo apelo à ratificação - e rápida - foi feita pelo presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pottering, o último a discursar na cerimónia inaugural. "Ao assinarem o Tratado hoje, todos nós nos comprometemos à sua rápida ratificação. Gostaríamos que este Tratado entrasse em vigor a 1 de Janeiro de 2009, para que cada cidadão pudesse ter já uma ideia clara do que significa a acção da Europa na sua vida quotidiana e, nessa base, poder votar em Junho de 2009".