21 dezembro 2006 15:17
O Natal vem sendo cada vez menos um tempo que se vive do que uma fase que se supera.
21 dezembro 2006 15:17
Falar por isso de nascimento, e sobretudo de renascimento, sem ir despertar as velhas religiões que fazem do solstício de Inverno um lugar a transpor, ou uma iniciativa de renovação, parece atitude singularmente careta. Mas a tal estrela mantém-se no horizonte daqueles que converteram o seu surto, e a ressurreição anunciada, numa prática que se insere num enquadramento cultural. Católico como sou, polvilhado por esse pólen de heresia que torna os católicos efectivos divorciados do discurso vaticanista, e os católicos da ortodoxia tão apegados a ele como infiéis a várias estâncias da humanidade, não arredo pé do meu Natal. Mesmo através da morte, a dos que amei, ou a de mim mesmo, abraço a criança que aprendeu a despertar para cada noite de estrela refulgente, e que se não separou ainda do homem que fisicamente vai envelhecendo. Não quero saber da regurgitação dos comércios, nem da cornucópia dos presentes, nem dos bodos que principiam e acabam entre 24 e 25 de Dezembro. Cumpre-se o solstício, entra-se no frio de sempre. Mas resta-me a estrela na palma da mão, e o desejo de que arda ela infinitamente.